Durante depoimento na CPI da Saúde da Assembleia Legislativa, o ex-secretário do setor, Rodrigo Tobias, que saiu do cargo em abril, disse não lembrar e não saber da maioria das situações que lhe foram questionadas, principalmente quando se falava da parte técnica e financeira de sua gestão. Ele confirmou que foi indicado ao cargo pelo vice-governador, Carlos Almeida (PTB).
Tobias, que é odontólogo e doutor em Saúde Pública pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), o ex-secretário disse que confiava em sua equipe na análise dos documentos. E usou como exemplo a implantação do projeto “Anjos da Saúde” – uma espécie de serviço de humanização, com pessoal contratado para amenizar os conflitos dentro das unidades de saúde. Segundo ele, a autorização para o desembolso de R$ 6 milhões para a iniciativa só ocorreu depois que o Departamento Jurídico da Secretaria de Estado da Saúde autorizou.
Tobias disse que o “Anjos da Saúde” foi ideia da publicitária Carla Pollake, a quemele tratou como “número três na hierarquia do Governo”, apesar dela não exercer nenhum cargo formal. “Eu entendia que aquilo não era prioridade naquele momento”, afirmou o ex-secretário.
Em oitiva, o ex-secretário explicou que o Anjos da Saúde não foi um projeto desenvolvido pela Susam, mas sim pela Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social (Aades), e executado pela Secretaria de Estado do Amazonas, mesmo contra a vontade de Tobias. O gestor contou, ainda, que por muitas vezes houve interferências na pasta sem anuência dele e que isso o constrangia.
“É preocupante o depoente vir para cá com uma crise de amnésia, porque todo mundo sabe das informações, menos o secretário. Vou até propor a extinção do cargo de secretário, pois sempre é o que menos sabe das ações” disse ao final do depoimento o deputado estadual Wilker Barreto (Podemos).
O ex-secretário disse não ter conhecimento sobre a nomenclatura dos IDs de respiradores e ventiladores, assim como do processo do projeto básico do hospital de campanha instalado na Universidade Nilton Lins.
