MOTS: amor (verdadeiro) à causa dos servidores

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

“Nunca os servidores da saúde do estado estiveram tão conscientes e unidos como agora para lutarem por seus direitos”.“O MOTS (Movimento Organizado dos Trabalhadores da Saúde) nos representa”

“Chegou a nossa vez depois de anos e anos de abandono por parte dos sindicatos da saúde”

“Precisamos de união e consciência em torno dos nossos direitos que os governos retiraram da gente”

“Vamos manter a mobilização permanente para que os gestores nos atenda sobre aquilo que é de direito”

Hj o MOTS, movimento fundado recentemente para discutir, analisar e deliberar sobre assuntos do interesse dos servidores da saúde, reúne, apenas em dois dos mais utilizados veículos de rede social na internet,  aproximadamente 5.000 participantes. Não é pouca coisa não!

As manifestações acima são alguns dos comentários postados por servidores da saúde espalhados em 40 unidades de saúde na capital e ao menos 20 municípios do nosso vasto interior associados ao MOTS, dando uma pequena porém significativa noção do quão atentos e mobilizados a categoria da saúde está na defesa dos seus interesses tão aviltados nos últimos anos.

O MOTS não tem dono nem ideologia e muito menos partido. Não está atrelado a nenhuma autoridade institucional e nem vinculado à nenhuma pessoa ou grupo político ou empresarial. Por isso, temos liberdade de ação e de agenda e vinculamos toda e qualquer atividade apenas nas pautas que dizem respeito aos verdadeiros interesses dos servidores da saúde do estado e do município e, nascemos, na esteira do vácuo de representatividade que as mais de 17 entidades sindicais e associativas às quais a maioria dos trabalhadores da Saúde estão vinculados, deixaram lamentável e vergonhosamente, quando seus dirigentes preferiram percorrer o atalho do peleguismo, da falta de ética, do atrelamento oficial em troca de cargos comissionados na gestão para si e para os seus, do silêncio omissivo e da falta de responsabilidade para com aqueles os quais devem explicações e respostas diante de tanta inércia e pusilanimidade.

Desde o ano de 2016 quando um grupo reduzido de servidores de unidades e fundações de saúde do estado se reuniram e até o início deste ano quando resolvemos assumir uma identidade afim de melhor sermos reconhecidos pelos trabalhadores e, muito além, pela sociedade, esse movimento hoje denominado MOTS, conseguiu feitos de reconhecimento civil, alcance de representatividade junto aos trabalhadores e encampar pautas e lutas jamais observadas nas últimas décadas e não é à toa que somos reconhecidos e respeitados pela Defensoria Pública, pelo Ministério Público, pelo Parlamento e pela sociedade como um todo e somos recebidos pelo governo ainda que forçando a barra.

Desde a primeira reunião no dia 18 de janeiro na sede da Defensoria Pública até à Audiência Pública convocada pela mesma Defensoria no último dia 19 de fevereiro na Assembleia Legislativa, reunimos mais de 1000 trabalhadores coisa que nenhum sindicato ou associação da área nos últimos 20 anos conseguiu reunir ora por desinteresse dos filiados, ora por manobra regimental, ora por medo dos dirigentes sindicais de serem cobrados pelo descaso de verem seus podres sendo expostos em praça pública ou diante de tanta falcatrua e tanta permissividade a que essas entidades tristemente se sujeitaram relegando seus associados ao abandono e à própria sorte.

Quer uns e outros queiram ou não, quer o governo reconheça ou não, quer até alguns trabalhadores desinformados ou desonestos consigo mesmo aceitem ou não, as atuais conquistas dos servidores da saúde tem sim a inestimável contribuição e efetiva participação do MOTS e até nem queremos que reconheçam essas virtudes contando que respeitem as leis e atendam aos clamores e as necessidades dos servidores represadas tantos anos.

Já pararam pra pensar no que é a conquista do vale alimentação pelo servidor do interior que nunca havia sido lembrado por nenhum governo? Já imaginaram o que é reunir mais de 700 trabalhadores numa única audiência de forma organizada e pacífica enquanto o maior sindicato da categoria foi eleito por apenas 209 associados? Perceberam o quanto de importante é ter aliados como parlamentares respeitados e até o Líder do Governo presente em nossas reuniões? Viram o quanto de fundamental foi a reivindicação para que a Mesa de Negociação do SUS saísse da inércia e agora conte como observador uma entidade do quilate da Defensoria Pública? Dá pra imaginar que agora Data Base não é mais pauta apenas de gestor mas sim item obrigatório na agenda da Mesa de Negociação?

Pois é meu querido leitor e minha fiel leitora, tudo isso são conquistas dos trabalhadores por meio do MOTS, movimento que se não fosse sério, organizado, sereno e respeitado jamais alcançaria tanto respeito e abriria a tantas portas quebrando vaidades e caprichos, desfazendo pré conceitos e derrubando barreiras simplesmente porque contamos com a maior das ferramentas que uma entidade ou movimento que se propõe representativo tem que ter que é honra e credibilidade junto aos seus simpatizantes.

Cada dia temos que matar um leão seja quebrando barreiras, seja abrindo portas onde alguns só enxergam paredes, seja apaziguando ânimos interno e externamente porque entendemos que não deve haver unanimidade onde a democracia impera e não pode existir cerceamento de ideias e ideais posto que é na adversidade que construímos os pilares da nossa luta que mal começou.

Àqueles que tentarem nos frear munam-se de argumentos sólidos ou respeitem nossos direitos porque estaremos como nunca sempre dispostos por meio do diálogo, da justiça e da mobilização a barrar quaisquer tentativas de fragmentação ou perdas e não titubearemos em denunciar aqueles e aquelas que anos e anos traem de forma vil e covarde os interesses da classe trabalhadora da saúde do estado e do município e se perpetuam no poder por meio de conchavos, atrelamentos danosos ou se curvam diante das ofertas as mais abjetas em detrimento das categorias que representam e que as colocaram nos fóruns de defesa do trabalhador não para balançarem a cabeça para o gestor e sim para lutarem pelos seus interesses e suas necessidades salariais, de qualidade de vida e de trabalho.

O MOTS contará,  por enquanto, com a presença de dois fiéis representantes junto à Mesa Estadual de Negociação do SUS, e esperamos ampliar essa participação à medida em que a Mesa seja expurgada das entidades infiéis as quais não tem legitimidade alguma para tomar assento nesse fórum e dê lugar a sindicatos honestos e sérios,  momento em que a reformulação da Mesa, objeto de demanda pelo Ministério Público, promova uma verdadeira “limpa” nesses organismos tão sérios da sociedade mas que desgraçadamente se desviaram das suas finalidades ou quedaram-se a interesses comezinhos abandonando os trabalhadores indefesos à própria sorte.

Quem viver verá!

*O autor é farmacêutico e empresário