E foi exatamente o coração que traiu Inaldo Medeiros, aos 62 anos, e o levou à eternidade nesta segunda-feira (17/2), ferindo mais uma vez os parintinenses e todos os que gostam do maior Festival Folclórico do país. Sim, mais uma vez porque nos últimos meses artistas importantes da festa despediram-se desta dimensão, o que fará do evento deste ano um dos mais emocionantes e saudosos, durante o qual certamente toadas como “Boi de Pano”, cujos versos estão no título desta postagem, serão entoadas à exaustão.

Medeiros foi um dos maiores compositores da história do Boi-Bumbá Garantido. “Naiá” e “Coração de Batuqueiro” são outras toadas antológicas de sua autoria. Era de uma família de políticos, com destaque para Tony Medeiros, hoje secretário da Prefeitura de Manaus, mas também ex-deputado, ex-vice-prefeito de Parintins e ex-amo do Vermelho. Ironicamente, o filho do artista, Caetano, é cotado hoje para ser amo do contrário, o Caprichoso. E o pai apoiava.

Os irmãos Medeiros começaram a construir suas histórias como artistas na década de 1980, quando compuseram “Filho do Sol”, uma toada que exaltava os povos originários. A parceria entre eles deu certo e perdurou até os tempos atuais. Para se ter uma ideia do impacto da obra de Inaldo para o Festival, a partir da composição dessa toada, a temática indígena passou a ser parte importantíssima do espetáculo, sendo Item obrigatório para ambos os bumbás, como os Povos Indígenas, Tuxauas e Ritual, por exemplo.

Entre suas toadas mais recentes, estão duas do álbum “Segredos do Coração”, de 2024, são elas: Transcendência Kanamari e Libertárias Guerreiras. Neste ano, o Garantido lançará o álbum “Boi do Povo, Boi do Povão”, no dia 5 de abril. Não se sabe se haverá toadas de Inaldo Medeiros.