Masturbação científica

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Muito se tem criticado a gestão da educação federal e até o Presidente da República pela adoção das medidas de contenção de gastos no setor porém, nenhuma santa alma, apresenta uma solução sequer para aliviar as contas públicas ou reconhece que o governo Bolsonaro foi o único nos últimos 28 anos a propor a redução do estado com corte de ministérios, com supressão de organismos que se batiam uns nos outros nos corredores da máquina pública e com a venda de estatais inúteis que eram cabides de emprego e antros de corrupção. Ainda assim, a justiça obrigou o governo a manter parte dessa parafernália que são verdadeiros sugadores de grana pública e, as medidas adotadas, não foram e não são suficientes para sustentar um estado paquidérmico e pantagruélico que suga as finanças sem dó nem piedade não sobrando dinheiro para os investimentos em áreas e atividades essenciais como saúde e educação e também na infraestrutura fonte de milhões de empregos e geradora e distribuidora de riquezas.
Foi aí que surgiu a necessidade de alcançar, com a redução de gastos, as universidades públicas onde bilhões e bilhões de recursos públicos são investidos porém, a maioria dos gastos estão concentrados nos salários dos servidores e nas tais pesquisas científicas cujos resultados, se forem medidos em aplicabilidade no dia a dia das pessoas, na evolução científica e na qualidade de vida do país e sua gente são pífios.

Basta entrar nos sites das principais universidades brasileiras e nos institutos fomentadores de pesquisas para percebermos, pelas teses e dissertações de mestrado e doutorado, o quanto de dinheiro, tempo e talentos são desperdiçados por uma gente acostumada a mamar nos financiamentos anos e anos a fio e, cuja pobreza de temas estudados e os resultados alcançados se batidos num liquidificador, sobrarão um caldo inodoro, insípido e insosso cujo destino mais nobre será o lixo.

São professores, alunos, monitores, discípulos, preceptores e uma ruma de gente doutrinados e doutrinadores numa verdadeira masturbação científica sem fim que usam os espaços e a grana públicas de uma maneira ineficiente e com baixíssima efetividade porém, quando chamados a dar suas cotas de sacrifício em prol de uma educação com melhores resultados produtora e fomentadora de conhecimento, negam-se a abrir mão das mordomias e fecham os olhos à realidade fática.

Há que se criticar igualmente a eterna fome por dinheiro público por parte de partidos políticos e parlamentares quando estes também não abrem mão ou até ampliam os gastos por meio do malsinado fundo partidário, ralo por onde é drenado boa parte do dinheiro público, que bem poderia estar sendo empregado em bolsas de pesquisas aplicadas necessárias e sérias.

Um estado mínimo é mais que urgente para que, o lençol que é curto demais para o tamanho do corpo, possa cobrir o que de fato deve ser coberto sem deixar de proteger os setores essenciais e, por sua vez, não permitir que áreas acostumadas a serem sempre aquecidas, continuem a não sentir um pouco do frio que a maioria dos mortais sente.

Té logo!

*O autor é farmacêutico bioquímico e diretor-presidente da Fundação Hospital Alfredo da Matta