Masturbação científica

Se não mata engorda! Diz minha santa e veneranda mãezinha D. Lélia do alto dos seus 95 aninhos e arremato eu: Hidroxicloroquina ame ou odeie.

Lá se vão quase 90 dias de pandemia no Brasil mas, patinamos ainda, nas políticas públicas mais apropriadas e acessíveis, no rearranjo dos espaços públicos e privados para atendimento e manejo dos doentes, na superação da falta de insumos, de EPI e de técnicos e profissionais capacitados, entre outras lutas quase inglórias. Entretanto, é na busca pelo tratamento adequado e pela vacina eficaz que mais apanhamos e mais gastamos tempo, mais empregamos inteligência, mais gastamos grana e mais propomos análises e mais sofremos ansiedades e angústias sem uma solução aparente ou palpável.

Porém, é na busca de drogas ou aplicação de medicamentos e terapêuticas aprovadas ou não, alternativas ou não, que mais o meio técnico e científico tem se detido e, os propagadores do caos e do medo, investem com suas paranóias, objeções e idiossincrasias.

Quando na Itália um dos berços iniciais da pandemia depois na França em seguida na Espanha, se propunha a partir de experiências e estudos retrospectivos o uso da cloroquina ou da Hidroxicloroquina para tratamento dos doentes acometidos pelo coronavírus, o meio acadêmico torceu o nariz e olhou de revestrés para quem tivesse a coragem de propor ou indicar a administração dessas drogas no tratamento dessa virose. Mas, foi apenas quando líderes políticos de direita anunciaram que poderiam financiar, incentivar pesquisas ou simplesmente liberar o uso dessas drogas, foi que a porca torceu o rabo.

Ora, a cloroquina já é usada no mundo inteiro há mais de 60 anos contra a malária em mais de 200 milhões de pacientes acometidos pela doença com protocolos de tratamento aprovados por estudiosos e por instituições que aprovam drogas e aplicações clínicas portanto, não há mais que se pensar ou falar se é uma droga boa ou ruim, eficaz ou não, ética ou não, tendo em vista que tudo isso já está superado.
Foi, a partir dos efeitos adversos especialmente os cardiológicos, que a comunidade científica propôs e as empresas farmacêuticas formularam um derivado da cloroquina mais leve, mais seguro e mais tolerável e daí, surgiu a Hidroxicloroquina, usada no mundo inteiro há mais de 30 anos e, não só contra a malária, mas para uma gama de enfermidades crônicas e sob uso contínuo.

Então porque cargas d’água há uma forte resistência ao uso da mesma e porquê tanto nhenheném, tanto ramirami e tanto lero-lero em torno do uso desse medicamento contra o coronavírus?

Bem, entre outras aberrações políticas, masturbações científicas e guerras ideológicas se sabe que o interesse econômico por uso de drogas bem mais caras e produzidas por apenas um laboratório americano dentre outros interesses, prevalecem sobre uma droga largamente utilizada, de custo irrisório e com produção mundial em escala.

Raciocinem comigo meus poucos porém fiéis leitores, se não temos ainda tratamento específico e aprovado, se não alcançamos a produção de uma vacina eficaz e se pessoas estão morrendo em casa e nos hospitais(até nas portas) e se temos uma droga alternativa de reconhecidos efeitos adversos porém, se aplicada com segurança e em ambiente adequado é segura e tem se demonstrado por estudos clínicos que muitos se curam, porque então ficarmos em intermináveis discussões e divisionismos políticos e ideológicos e com isso permitirmos a mortalidade exagerada de muitos seres humanos? Se pesquisadores, epidemiologistas, infectologistas e clínicos renomados recomendam o uso da cloroquina e da Hidroxicloroquina e muitos destes até já tomaram o medicamento, porque então teimar em não salvar vidas com sua larga aplicação?
É fato que ninguém é obrigado a tomar as drogas mas aqueles que o quiserem fazê-lo que a estes seja dada a oportunidade de serem salvos sem que se fique indefinidamente buscando culpados ou heróis para uma guerra onde quem mais perde e perde suas vidas é o povo mais pobre.

Essa discussão é tão infértil e tão infantil, que já custou em meio a outras causas, a derrubada de dois ministros da saúde do nosso país em pleno vigor da pandemia mais assustadora do século.

É claro que interesses mais que confessados e cristalinos movem as decisões de tantos quantos detém o poder para propor, liberar, autorizar, controlar e monitorar o uso da Hidroxicloroquina por isso, concluo esse meu artigo com algumas frases do polêmico médico cardiologista  Lair Ribeiro deixando para reflexão suas diretas e sagazes colocações:”A indústria farmacêutica é como o próprio nome está dizendo uma INDÚSTRIA…feita pra ganhar dinheiro e não pra fazer alguém ficar saudável.

O foco é financeiro não é a saúde.”; “O médico não é culpado(pela imposição da indústria farmacêutica)….Nós(os médicos) sofremos uma lavagem cerebral durante a faculdade…a indústria farmacêutica comprou o cérebro do médico…nós não somos culpados por isso….Nós somos vítimas do sistema…somos trabalhados aos pouquinhos e o médico ao sair da faculdade só sabe fazer uma coisa: receitar remédios.”; “Hoje quando se lê e se produz um trabalho científico ele já está comprometido com a economia porque alguém pagou e aí ele já não chega à sociedade como ciência e sim manipulado por interesses do lucro… manipulados que não no interesse pela verdade…“.

Té logo!