Era o ano de 1978 tinha eu acabado de completar 20 anos de idade e com título de eleitor nas mãos, iria participar da primeira eleição da minha vida.
Como estudante universitário e o Brasil ainda envolvido nas cinzentas nuvens de uma ditadura militar, procurava junto aos colegas de faculdade analisar o cenário político e perceber nos quadros dos dois partidos existentes, ARENA e MDB, aqueles políticos que poderiam de certa forma representar o novo e que, de alguma maneira, trouxessem esperanças especialmente aos jovens que como eu logo,logo, enfrentariam um mercado de trabalho difícil e cheio de incertezas.
Dentre tantos e repetitivos nomes um candidato a deputado federal se destacava pela juventude, eloquência e veemência dos discursos: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto, cujas raízes e formação políticas satisfaziam plenamente meus instintos eleitorais joviais que apostavam numa geração política que lutasse por um país mais livre e socialmente justo.
Sem eleger governador e prefeito pelo voto direto posto que eram nomes impostos pelo modelo político vigente, restava ao eleitor como eu votar para as casas legislativas nos três níveis, ansiando por mudanças mais profundas a partir da renovação dos quadros políticos viciados e envelhecidos da época. Nem lembro em quem votei para senador ou deputado estadual porém, o meu candidato a deputado federal, Arthur Neto, que despontava todas as pesquisas como favorito, acabou derrotado. Confesso que saí frustrado e abatido dessa minha primeira experiência eleitoral!
E o que justifica essa história toda com o título que encima esse artigo? Chegaremos lá!
Anos mais tarde, nosso personagem político citado logra êxito e alcança a câmara baixa do país, dá o seu recado como jovem diplomata e político com peso nacional e, de certa forma, atende às minhas expectativas e apostas como parlamentar atuante e como um dos maiores argumentadores e contra argumentadores que o Congresso Nacional já conheceu.
Como acorre a todo bom parlamentar querer fazer do púlpito um verdadeiro trampolim para almejar novos desafios políticos nas suas carreiras, não foi diferente com o Arthur e assim, anos mais tarde, ele deixa o parlamento para ser prefeito de Manaus derrotando nada mais nada menos que o velho cacique Mestrinho. Agora sim, alcançamos o cerne deste artigo!
O prefeito Arthur dos anos de 1990 que fez uma gestão pontuada de equívocos políticos e administrativos, de muita propaganda, de parcos resultados e pouquíssimos ganhos para nossa cidade, é o mesmo Arthur de agora que repete os mesmos erros e prova não ser sua praia administrar e gerir uma cidade complexa e problemática como Manaus.
Perdemos um excelente parlamentar e ganhamos um alcaide atabalhoado, midiático e sem equipe à altura da que nossa cidade exige para a solução dos seus graves e repetitivos problemas de saúde, mobilidade urbana, ensino fundamental e gestão econômica.
Manaus está um brinco em todos os sentidos apenas nos meios de comunicação e na mídia paga que em três anos consumiu mais de 180 milhões de recursos dos cofres públicos apenas para maquiar uma saúde sem remédios, sem insumos e sem unidades suficientes para atender sua gente; apenas para encobrir que nos quatro cantos da cidade há centenas e centenas de ruas em petição de miséria; apenas para iludir que o trânsito é um pandemônio absoluto e que os estudos e projetos para a melhoria da mobilidade urbana não passam de traços no papel e esquemas planejatórios inviáveis e inconsequentes que submetem a população a um verdadeiro inferno no dia a dia do caos urbano; apenas para negar a existência de centenas de obras iniciadas e inacabadas especialmente as creches prometidas em campanha.
Eu preferia um prefeito de mangas curtas percorrendo a cidade e conhecendo seus verdadeiros e profundos problemas, do que metido num ridículo uniforme midiático qual um daqueles apresentadores de programa de TV que apostam mais no figurino do que no talento e que vislumbram serem mais conhecidos do que o reconhecimento.
Eu preferia pagar um aumento de 400% no IPTU e perceber os resultados em investimento na educação e na saúde e não aplicados em propaganda enganosa. Eu preferia um prefeito mais cordato e menos arrogante no trato com os demais poderes e autoridades e que com humildade, estendesse a mão em busca de recursos e soluções para os diversos problemas da capital amazonense.
Finalmente, eu preferia que o Arthur Neto retornasse ao parlamento de onde nunca deveria ter saído e de lá continuasse a defender nosso estado e nossa gente.
Por essas e por outras é que reconheço no Manauara um forte a atravessar algumas gestões desastradas e aguentar a inércia e a inabilidade de gestores descomprometidos com seu povo e mesmo assim sobreviver em meio a essa entropia.
Te logo!
Sds Ronaldo Derzy Amazonas
Compartilhe isso:
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para enviar um link por e-mail para um amigo(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)