Ideias para a nossa Manaus

Por Miquéias Fernandes*

Manaus precisa de rotas alternativas para que se possa organizar o trânsito e, isto só é possível através de alças viárias, para uma boa circulação de veículos, como aconteceu na avenida das Torres. Nosso sistema viário está uma verdadeira esculhambação, com buracos pra tudo que é lado!!!

O manauara não pode continuar vivendo neste sistema viário caótico, o que me faz relembrar o momento em que exercia mandato de vereador, anos l989/1990, e colocaram para cuidar do sistema viário de Manaus, um profissional cuja formação era técnico em navegação!!! Fiquei extremamente surpreso, mesmo sabendo que quando chovia, a cidade alagava em algumas áreas, no entanto, colocar um técnico em navegação para cuidar do sistema viário e trânsito da cidade, era algo fora de qualquer propósito sério.

O saneamento de Manaus com escoamento através dos seus igarapés é fundamental para a cidade.

Vale ressaltar que Manaus teve três tipos de urbanização: a) A urbanização planejada, onde podemos citar o bairro de Adrianópolis com as ruas com nome das capitais dos Estados, com traçado reticular xadrez facilitando a circulação; depois esculhambaram tudo; b) depois a cidade teve um tipo de urbanização baseado no crescimento vegetativo da população com avanços principalmente na direção norte; c) finalmente, temos agora o pior tipo de urbanização que existe no mundo: a urbanização criminosa, produto de todo tipo de invasões.

Manaus tem 150 áreas de invasão, as quais, com a administração desprovida de interesse pelo “todo”, tornam-se completamente impossíveis de administrar.

Se olharmos para a Zona Rural, encontramos um completo abandono; onde se poderia desenvolver o projeto de cinturão verde como existem em outros Estados brasileiros, voltados para o desenvolvimento de agricultura familiar, que poderia abastecer toda a região da grande Manaus, mas nada se faz sobre o assunto!

Quando foi elaborado o Projeto de Desenvolvimento Local Integrado – PDLI, o “cinturão verde” da cidade começaria ali por Iranduba, que na época fazia parte de Manaus, onde foi criada a “Cidade Hortigranjeira de Iranduba”, porém, com a transformação de Iranduba em Município, nada mais foi feito para implementar de outra forma, o que foi inserido no PDLI. Manaus precisa de um cinturão verde, a exemplo de outras cidades brasileiras.

Outrossim, dos últimos prefeitos que passaram pela comuna, não se tem notícia que os mesmos tenham visitado a área rural de Manaus, até porquê, quem tenta produzir alguma coisa pelos arredores desta cidade incrível, sente doer o coração, posto que, os agricultores que vêm vender os seus produtos na “Manaus moderna”, são torturados pelos atravessadores ao chegarem com suas canoas trazendo melancias, mangas, mamão e outros produtos que, ao serem oferecidos ao “atravessador”, este os coloca a um preço baixíssimo; o agricultor não aceita e vai a outro “atravessador” que oferece um valor menor ainda. Nesta condição, só lhe resta voltar ao anterior que lhe diz: “agora o preço que te ofereci não pago mais”, oferecendo um valor muito inferior ao à primeira proposta.

Diante disso, qual estímulo que o agricultor vai ter para produzir alguma coisa, sabendo que não existe nenhuma seriedade governamental para vender o produto do seu trabalho? Falta ao governo criar “Centrais de Abastecimento” que façam a comercialização do produto através de um preço justo. Uma coisa simples, mas ninguém faz isto, pois, não vemos nenhum secretário de produção cuidando deste assunto.

Se os governantes incentivarem a produção familiar, nós não teremos mais que importar cheiro- verde e outras verduras e legumes do Ceará e de outros Estados da Federação.

Recentemente o representante de uma Indústria de sucos, fazendo uma exposição numa Reunião, disse: “A agricultura no Amazonas está trinta anos atrasada em termos de produtividade” e, afirmou ainda: “a nossa processadora de sucos utiliza 95% de frutos importados porque os frutos daqui não tem condições de competir com os importados. Nós não temos competitividade porque não temos tecnologia”.

Querida Manaus você regrediu, já tiveste uma Escola Agrícola na Estrada do Paredão que, de lá saíram muitos técnicos em agricultura, e hoje estes estudos estão relegados ao esquecimento.

Sou Miqueias Fernandes e voltaremos na próxima quinta-feira!

*O autor é advogado