Foi dia 25 de Dezembro?

Esse artigo tem a finalidade de tornar mais compreensível as narrativas e dúvidas que circunscrevem a data de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo a partir de excertos de um estudo apresentado na Revista Arautos do Evangelho de dez/22.

A fé cristã não é determinada pela crença em coisas abstratas, místicas ou movida apenas por uma aura de acreditar por acreditar.

A fé cristã é baseada em fatos históricos reais palpáveis e tangíveis.

A Bíblia é recheada de histórias verdadeiras passadas de geração a geração e calcadas na contação de fatos vivenciados por tantos quantos presenciaram vivamente as ocorrências.

Escavações, objetos, relatos, testemunhas, sítios e espaços, determinam precisa e firmemente muitos e muitos fatos os quais sustentam nossa fé.

Entretanto, o dado mais significativo da vida cristã que é o dia do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, volta e meia é envolto por polêmicas, debates e dúvidas.

Como cristão católico a mim em nada altera o conteúdo da minha fé se Jesus nasceu ou não nasceu no dia 25 de dezembro do ano um.

Vou tentar, baseado em estudos e artigos, ajudar na compreensão desse mais extraordinário fato histórico do cristianismo.

Foi um monge chamado Dionísio quem primeiro se preocupou em definir a data do nascimento de Jesus. Isso se deu no Século VI.

Excluindo o ano zero, Dionísio, calculou que Jesus pode ter nascido no ano 753 pós fundação de Roma.

Na antiguidade, ainda que de modo impreciso, essa forma de contar os dias e anos, quedou-se como calendário dos mais difundidos e até mais conhecidos que os calendários judeu e chinês muito mais antigos.

Como na Bíblia está escrito que Jesus nasceu durante o reinado do rei Herodes e este morreu no ano 750 da fundação de Roma, portanto, Jesus pode ter nascido quatro anos antes.

Nos primeiros anos de Jesus, o imperador César Augusto ordenou um recenseamento, logo, Jesus pode ter nascido entre os anos 8 e 4 a.C fato este que em nada deve abalar a natureza da nossa fé.

Na época de Jesus, não era costume comemorar aniversários e sim o dia da morte das pessoas quando de fato elas “nasciam” para uma vida definitiva.

Notem que a maioria das festividades dos santos católicos, comemoram-se suas memórias, no dia das suas partidas terrenas. Claro que há excessões: o caso de Joao Batista, primo de Jesus, a mãe de Jesus, Maria Santíssima e do próprio Menino Deus feito homem dos quais se celebram as datas das suas natividades.

Mas porque então determinou-se que Jesus nasceu num dia 25 de dezembro?

Para isso não há documentos mas, a história foi rebuscada, a fim de se encontrar explicações.

Por imposição do imperador Aureliano, os pagãos comemoravam a festa do sol invicto no dia 25 de dezembro.

Mais tarde, inventaram que os cristãos a fim de se contraporem a essa festividade, definiram que Jesus, o Sol da Justiça, nasceu nesse mesmo dia. Dizem que foi uma tentativa de ofuscar e apagar a festividade pagã. Nada mais contraditório, tendo em vista que os cristãos da época não seriam capazes de misturar as coisas de Deus com as coisas terrenas ainda que para obnubilar uma data notoriamente mundana.

O então Cardeal Ratzinger, hoje Papa Emérito Bento XVI, afirma categoricamente que, segundo a psicologia cristã da época, isso jamais seria adotado pelos primeiros cristãos.

Como o ser humano desde priscas eras é levado à crença muitas vezes baseada em números, conta uma antiga tradição, que o mundo teria sido criado num dia 25 de março, mesma data em que dois fatos grandiosos ocorreram: a concepção de Jesus e uma nova criação com sua morte.

A partir daí, essa tradição alicerçada em números, contava exatos nove meses para alcançar o dia 25 de dezembro.

Claro que trata-se apenas de uma tradição a qual não afirma nem prova nada.

Uma outra forma de chegarmos à possível data do nascimento de Jesus, se dá a partir de textos evangélicos, mas, para isso, é preciso que se faça um pequeno exercício não somente de fé mas de tradição e de prazos.

Zacarias, esposo de Santa Isabel e pai de João Batista, era sacerdote do templo judeu.

O revezamento entre os sacerdotes se dava por turmas duas vezes ao ano.

Conta então a tradição, que a vez de Zacarias assumir os serviços do templo, se deu durante a festa judaica do Yom Kippur(dia da expiação) que se realiza no final de setembro a cada ano.

Calculando então que o Anjo Gabriel no dia da Anunciação disse a Nossa Senhora que Isabel sua prima havia concebido um filho e já era o sexto mês, e, a partir dali em mais nove Jesus nasceria, chegamos então a exatos quinze meses.

Então, do mês de setembro em que Zacarias era sacerdote no templo, somados esses quinze meses entre a anunciação e o os seis meses de idade da João Batista, chegaremos de fato, próximo ao final de mês de dezembro em que Jesus nasceu.

Para completar esse maravilhoso exercício de fé cristã, não custa lembrar que em dezembro acontece um belo fenômeno da natureza que é o solstício de inverno em que, no hemisfério norte, ocorre a noite mais longa e de maior período de escuridão.

Quis Deus então pela Sua Onipotência, no mesmo período e em contraposição às trevas, dar ao mundo seu Filho, a Luz do mundo ou o Sol da Justiça, aquele que vence a escuridão.

E o fato narrado na tremenda profecia de Izaias assim fala sobre o Pequeno Infante: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).

Quanto a isto não há discordância, não há a menor sombra de dúvida!

Se não foi num dia 25 de dezembro de algum ano, o fato é que Deus se fez carne e habitou entre nós e veio pelo ventre virginal de Maria e no seu peito foi amamentado.

Jesus é o ros

to Divino do homem e ao mesmo tempo rosto humano de Deus e sua chegada e presença nos redimiu do pecado original.

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