O vice-prefeito de Maraã, Magno Moraes (PMDB), é um jovem empresário do ramo da pesca, de 33 anos, muito querido na cidade. Pude constatar isso pessoalmente quando estive na cidade, em 2014. Em qualquer pesquisa de intenção de voto para a eleição deste ano, feita no município, hoje, ele aparece disparado em primeiro lugar. O blog o alcançou agora há pouco em sua residência, por telefone. Está tenso, como não poderia ser diferente, mas afirma categoricamente: “Não matei nem mandei matar o Cícero (Lopes, prefeito assassinado no domingo, 08 de março). A Polícia está fazendo uma investigação política. O atirador sumiu. E ele tinha muitos inimigos”.

Confira a entrevista:

Blog – Por que o senhor rompeu com o prefeito?

Magno Moraes – Ele privatizou a prefeitura para sua família e eu não concordei. Rompemos politicamente, mas eu nunca o ameacei. Ele, sim, me perseguiu, demitiu meus amigos, tentou me prejudicar comercialmente. E eu aguentei tudo calado. Estava esperando a hora de dar o troco nas eleições.

Blog – O senhor pretendia disputar a eleição contra ele?

Magno Moraes – Exatamente.

Blog – Há suposições de que, por isso, o senhor poderia ter mandado matá-lo…

Magno Moraes – Meu amigo, a Polícia está trabalhando politicamente. Quem me conhece sabe que sou pacífico. Veja só: eu lidero todas as pesquisas com folga e a máquina da prefeitura está quebrada. O que eu ganharia matando o Cícero no final da administração? Nada, absolutamente nada. É impossível ajeitar essa prefeitura em pouco tempo. Tem salário e fornecedor atrasado a dar com o pau. Nem imaginava pegar esse pepino agora. Estava me preparando para enfrentar a situação em 2017, eleito prefeito.

Blog – Quem matou o prefeito?

Magno Moraes – Até onde eu sei foi um cidadão que nós conhecemos como “Zé da Ponta” (o nome do suspeito é Adimilton Gomes de Souza), que está desaparecido .

Blog – E qual teria sido o motivo?

Magno Moraes – Ah, meu amigo, me faça uma pergunta fácil. O Cícero era cheio de inimigos. Sei lá o que ele pode ter feito pra esse cidadão que atirou. Só sei que ele tomava café na casa do prefeito, na mesa dele. E agora é acusado de matá-lo. Tem coisa a ser explicada aí.

Blog – E seus parentes? Por que foram presos?

Magno Moraes – Parente meu mesmo entre os três detidos só tem um, o Lázaro (Moraes de Assis), que é meu primo. O Aldemir (Alves de Freitas), que dizem ser meu cunhado, na realidade é meu ex-cunhado e frequentava a casa do prefeito, assim como o próprio Zé, que dizem ser o atirador (o outro preso é Marcos Aleksandro Praiano da Silva).  A Polícia diz que os prendeu porque eles estão envolvidos no crime. Só não sei o grau de envolvimento. E tenho certeza que nenhum deles atribuiu nada a mim. Nem podem. Se souberem mesmo de alguma coisa, eles vão revelar a verdade e eu espero que a Secretaria de Segurança tenha a responsabilidade de fazer o que é certo.

Blog – Por que o senhor ainda não tomou posse?

Magno Moraes – Porque o presidente da Câmara (Betuel Pereira, do PSC, aliado do prefeito assassinado) se nega a me empossar. Ele tentou hoje empossar a ele mesmo no cargo, mas os outros vereadores não deixaram. Depois disso, passou mal e teve que ser atendido no hospital local.

Blog – A família do prefeito assassinado chegou a fazer ameaças a quem o matou, insinuando que teria sido crime político. O senhor se sente ameaçado?

Magno Moraes – Claro. Eles estão tentando me incriminar. Mas eu não matei nem mandei matar o Cícero.

Blog – O senhor está sendo protegido?

Magno Moraes – Só por Deus. pedi proteção à Polícia, mas eles foram embora daqui hoje e não deixaram ninguém me protegendo.

Blog – Que providência o senhor pretende tomar para assumir o cargo que, por direito, agora é seu?

Magno Moraes – Meu advogado está cuidando disso. Vamos à Justiça.