O prefeito de Rio Preto da Eva, Anderson Souza (PROS), decidiu antecipar a campanha eleitoral e anunciou ontem, em café da manhã em sua residência, que será candidato à reeleição, num claro recado aos funcionários públicos: quer todos engajados. Em parte, essa antecipação se deve ao crescimento da oposição. De um lado, o vereador Cabo Marcelo (MDB) é contado com um provável adversário em 2020. De outro, uma nova chapa se forma, envolvendo o ex-vereador Niró Kohachi (PR) e Altemir Barroso (Podemos). Os dois disputaram a eleição de 2016 e agora costuram uma aliança.
Souza, que ficou conhecido como “Prefeito Ostentação”, por causa de seu gosto por festas e baladas, atribuiu a decisão de se candidatar à reeleição ao fato de ter “muitos projetos em andamento”. Ele cita dois delírios: a implantação do distrito agroindustrial para gerar mais de 10 mil empregos no município e o sequestro de crédito de carbono, para arrecadar R$ 100 milhões por ano. Afirma ter o apoio do novo superintendente da Suframa, o coronel Alfredo Menezes.
De fato, o prefeito reuniu-se com Menezes para tratar do Distrito Agropecuário, mas o projeto é antigo e sempre enfrenta muitas dificuldades de implantação, principalmente por causa da burocracia envolvida. Para gerar pelo menos 500 empregos novos, demoraria pelo menos quatro, cinco anos. Já a captação de recursos do sequestro de carbono é ainda mais difícil, por causa da articulação internacional que demanda. E a Prefeitura de Rio Preto não tem sequer mão de obra qualificada para desenvolver os projetos necessários.
As duas plataformas foi o que Souza arrumou para desviar atenção de sua administração pífia, sem realizações. Ele, que já foi preso e responde a vários processos nas esferas federal e estadual, tem gastado uma fortuna com advogados para evitar o julgamento dos processos. Em um deles, inclusive, ele foi condenado à perda da função pública e dos direitos políticos pela Justiça Federal. Está apelando ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Há outra dúzia ainda esperando entrar na pauta.
Em Rio Preto da Eva, já circula a informação de que ele promoverá um festival de contratações por meio de “processos seletivos”. A rádio comunitária local dedica 100% de sua programação a enaltecer a figura do prefeito. Enfim, trata-se de campanha antecipada, proibida pela Justiça Eleitoral.
OPOSIÇÃO
A antecipação da campanha é uma estratégia para tentar abafar a crescente oposição ao prefeito. O vereador Cabo Marcelo está nas redes sociais denunciando várias irregularidades na administração, entre as quais se destaca o desvio de recursos da Previdência Municipal e irregularidades praticadas em obras feitas em parceria com o Instituto da Reforça Agrária – o Incra. Ambas já são objeto de apuração pelas autoridades de fiscalização.
Para piorar a situação, dois adversários de Souza na eleição de 2016 decidiram unir forças. Altemir Barroso, que foi o segundo colocado naquele pleito, e o ex-vereador Niró Kohachi, conhecido no município como Niró “Japonês”, testam uma chapa reunindo os dois nomes. Eles têm se reunido com comunitários e lideranças locais.
Barroso é considerado um hábil articulador e uma liderança nova, sem vícios. “Japonês” é um dos maiores empresários da região, com investimentos diversos não apenas em Rio Preto da Eva, mas também em Manaus e Iranduba. Tem força econômica para garantir uma candidatura competitiva.
A oposição cresceu no vácuo de uma administração ineficaz. A sorte está lançada.
Foto: Portal Rio Preto da Eva
