Os policiais militares estão no centro das atenções na campanha para prefeito de Coari, a dez dias da eleição. Seja porque o comandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel PM Ayrton Norte, renunciou ao cargo para ser candidato a vice-prefeito na chapa de Robson Tiradentes Junior (PSC); seja porque três deles foram transferidos da cidade nos últimos dias por terem ligações com o candidato Keitton Pinheiro (Progressistas) ou mesmo porque o efetivo enviado para policiar as ruas durante o processo carece de melhores acomodações ou ainda porque a Prefeitura quer a desocupação do prédio ocupado pelo 5º Batalhão.
Os policiais militares William Mendonça de Souza e Rone Enderson Cavalcante de Freitas receberam ordens para deixar a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social da Prefeitura de Coari, onde estavam lotados e eram respectivamente secretário e sub. O primeiro foi transferido para um presídio e o outro deslocado a outro município. A sargento Francisca Regia Maia Alfaia, que tem família no município e chegou até a ser candidata a vereadora nas últimas eleições, foi transferida para Manaus. Os três têm relações com o grupo que comanda o município.
Depois das medidas, a Prefeitura decidiu reagir e pediu de volta o prédio onde funciona o 5º Batalhão da Polícia Militar. A edificação pertence ao município e deveria abrigar a Guarda Municipal, mas estava cedido à PM porque o Estado não providenciou a construção de um prédio próprio ou a adaptação de outro. Detalhe: Coari também bancava o combustível das viaturas, a alimentação e estadia dos policiais.
Os Pinheiro ainda acusam o Comando da PM de determinar a remoção de policiais que se recusam a apoiar os atos da oposição e dizem que a Polícia protege apenas os adversários, deixando à míngua os eventos de campanha do candidato da situação. Isso explicaria o atentado contra o ativista LGBTQI+ Marcos Peres, alvejado com um tiro nas costas enquanto deixava um comício. Segundo eles, não havia policiais no local acompanhando a dispersão. Marcos, que sobreviveu ao atentado, diz que ouviu alguém apontá-lo como “o viadinho do discurso do Keitton” antes de ser baleado.
Policiais fizeram contato com o blog para reclamar das acomodações em Coari e da remuneração. “Eu cheguei a dormir na mesa de uma escola”, disse um deles. “Não estamos recebendo nenhuma gratificação para trabalhar aqui”, disse outro. Os dois pediram anonimato por medo de punição.
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