Ele está entre nós

Mais uma gripe, dessas causadas por vírus mutantes, toma conta do planeta e, como pandemia já declarada, alcança o Brasil tendo em vista que não estamos imunes de sermos atingidos por mais uma rinovirose de dimensões universais.
Não há espaço para temores,desesperos ou pânicos porque, pela lógica das demais pandemias gripais anteriores, nosso sistema brasileiro de saúde pública e privada tem se saído muito bem colocando em prática uma das mais competentes logísticas conhecidas mundo afora e que dominamos, para diagnosticar, tratar, acompanhar e imunizar em tempo recorde grandes parcelas populacionais.

Nossos serviços públicos de assistência primária, secundária e terciária dispõem de competente aparato para os atendimentos iniciais e para internação não sendo preciso recorrer, com pressa, para construção de espaços e ambientes hospitalares mesmo na urgência e emergência posto que o SUS também pode recorrer aos serviços suplementares da rede privada para complementar a assistência integral à população.

Entretanto, povo, instituições e governos cada qual na sua esfera de competência, têm sua parcela de compromisso a ser empreendido a fim de minimizarmos os danos e protegermos principalmente os mais vulneráveis tanto em termos de saúde quanto em acesso aos serviços de diagnóstico,
tratamento, internação, acompanhamento e possível imunização a fim de evitarmos maiores números de vítimas fatais.

O CoVid 19 não é um tipo de corona vírus dos mais letais porém trata-se daquele com maior período de incubação, maior rapidez de reprodutibilidade, ataca mais crianças e idosos especialmente aqueles mais debilitados por co-infecções pulmonares e respiratórias, prescinde de sinais e sintomas clássicos para ser transmitido, entre outras características marcantes que o diferencia das demais rinoviroses.

Portanto, logo, logo, grande parcela da população brasileira independentemente de região, clima, condições socioeconômicas, quantidade de almas, padrão de transporte, competência imunológica, idade, status social ou sexo, terá contato com o CoVid 19 porém, até um por cento adoecerá e, desses, até três por cento morrerá, o que comparado com outras pandemias respiratórias, demonstra uma baixíssima capacidade dessa nova gripe de promover grande letalidade. Não se trata de minimizar as consequências nem tentativa de mitigar os males mas, tão somente, de desmistificar certos posicionamentos que mais causam pânico do que ajudam.

Ele está entre nós, o que significa também a adoção de muitos, já sabidos e permanentes cuidados como em quaisquer gripes banais como por exemplo o uso da conhecida etiqueta respiratória (espirrar e tossir levando o rosto entre o braço e antebraço), lavar as mãos repetidas vezes, usar máscaras quando resfriado ou gripado para proteger os outros, usar álcool gel para assepsia, etc.; evitar lugares com grandes aglomerações ou fechados, recolher-se em casa o maior tempo possível, evitar viagens para lugares sabidamente com quadros epidemiológicos em alta e com maior circulação desse vírus,
evitar cumprimentos por aperto de mãos ou beijos ou abraços, entre outros cuidados que protegem tanto quem não tem como quem não alberga o vírus.

Há que se evitar e combater com dureza as fake news, as piadas e gracinhas de mau gosto, a romantização do mal, a relativização científica e sobretudo as velhas práticas das redes sociais que mais prejudicam do que ajudam nessas horas importantes em que a unidade no enfrentamento é a melhor saída.
No mais, é aguardarmos que as academias científicas decifrem e mapeiem esse vírus para fins de maiores e detalhados conhecimentos sobre ele e, para a produção rápida de uma vacina eficaz, com o que o mundo estará dando um passo enorme no combate a mais uma pandemia que nos assusta a todos e que também causa assombros não economia mundial com fortes tendências de queda no PIB global e chegada de recessão em economias mais vulneráveis e dependentes da produção de componentes e insumos por parte da China.

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*O autor é farmacêutico bioquímico e diretor-presidente da Fundação Hospital Alfredo da Matta