É oficial: Privatização superou interesse público, afirma Luiz Castro

luiz castro dentro
Um ato pacífico marcou a manhã desta sexta-feira (28), no Centro de Manaus. Representantes de várias instituições foram para frente da Policlínica Gilberto Mestrinho manifestar-se contra a privatização de dois laboratórios públicos, que realizavam exames gratuitos para a população.
Sob a falsa alegação de que os exames são em pouca quantidade, segundo Luiz Castro (Rede), a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) vai entregar os laboratórios das Policlínicas Codajás (no bairro Cachoeirinha) e Gilberto Mestrinho (Centro) para uma empresa particular.
De acordo com o deputado estadual, é ‘vergonhoso’ o desmonte da saúde pública em prol de um grupo empresarial. “O interesse público não pode ser privatizado. É como na área de enfermagem, onde o governo paga empresas para terceirizarem o serviço e os profissionais recebem salários ínfimos”, ressaltou.
Luiz Castro assinalou ainda que o conflito de interesses, neste caso, é ainda pior: quem deveria defender a área não o está fazendo, como é o caso do Conselho Regional de Farmácia do Amazonas (CRF-AM).
A suspeita é que o laboratório da Policlínica Codajás será privatizado e entregue à presidente do CRF-AM, Ednilza Guedes Corrêa Pereira, proprietária de um laboratório particular.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Amazonas, Mário Vianna, lembrou da falta de pagamento dos profissionais, por parte do governo do Estado. Os médicos não recebem desde outubro do ano passado.
“A Saúde é multidisciplinar. Se não nos unirmos fortemente, [o governo] vai nos dividir e conseguir o que quer. Sabemos que há interesses escusos. Quando uma pessoa do Conselho fica ‘trocando moedas’, todo um sistema é prejudicado”, assinalou.
Falsas alegações
Único parlamentar a abraçar a causa, Luiz Castro disse, durante a manifestação, que o governo do Estado usa de falsas alegações para privatizar os laboratórios.
“A desculpa dada pela Susam é de haver pouca quantidade de análises realizadas via sistema público. É um contrassenso: são mais de 50 tipos de exames em um laboratório com certificado de Excelência e de Qualidade, além de ter um atendimento diferenciado para com os diabéticos. E tudo de forma gratuita para a população”, assinalou o deputado.
Luiz Castro ainda lembrou que o dinheiro recebido pela União para o pagamento dos exames não está sendo repassado para os laboratórios. Caso isso acontecesse, a infraestrutura e a quantidade de análises poderiam ser ampliadas.
“Desafio os vereadores de Manaus e os deputados estaduais a se posicionar, assim como o prefeito da capital, Arthur Neto, aliado ao governador José Melo”, convocou o parlamentar.
Excelência
As informações foram ressalvadas por Beth Maciel, da Associação das Donas de Casa do Amazonas (Adcea). Na manifestação, ela afirmou ter visitado o laboratório da Codajás e constatado o acolhimento aos pacientes.
“Ficamos espantados com a recepção: guichês, senhas, prioritários sendo respeitados e ainda a higiene do local. É um absurdo a privatização de algo que já dá certo sendo público”, afirmou.
Onde está o dinheiro?
O vice-presidente dos Concursados da Susam 2005, Wilson Fernandes, questionou outro argumento do governo do Estado. “Não tem dinheiro para pagar ou investir no funcionalismo público, mas tem para os advogados para não perder o cargo”, alegou.
Rildo Agre, presidente do Sindicato dos Transplantados de Fígado do Amazonas, levantou outra questão. “Quem precisar de exames mais detalhados tem que viajar para os grandes centros. A Susam diz que garante uma ajuda de custo de R$ 1,5 mil, mas o paciente viaja e volta e não recebe. O governo argumenta não ter dinheiro, mas dá milhões às Escolas de Samba, evento que dura somente cinco dias”.

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