No vídeo que começou a circular ontem, da audiência de custódia realizada pelo juiz federal plantonista Ricardo Sales, no dia 26 de dezembro, o que se vê é um José Melo completamente abatido, até certo ponto rouco, cabisbaixo e falando baixo, a ponto do próprio magistrado afirmar que via, pelo semblante dele, que estava depressivo. O ex-governador foi solto depois do encontro, mas voltou à cadeia no dia 31, por determinação da juíza Ana Paula Serizawa, e tenta, no Superior Tribunal de Justiça, a autorização para responder ao processo em liberdade.
Melo e a esposa, Edilene Gomes de Oliveira, estão presos sob a acusação de terem recebido favores da quadrilha comandada pelo médico Mouhamed Moustafa, flagrada pela operação “Maus Caminhos” desviando recursos federais destinados à Saúde do Estado.
Já se falava no estado depressivo do ex-governador, mas o vídeo tirou todas as dúvidas a este respeito. Na audiência de custódia, ele chega a apelar para que o juiz mandasse soltar seu ex-secretário de Saúde, Wilson Alecrim, dizendo que tratava-se de “uma questão de humanidade”, porque o ex-auxiliar sangrava todos os dias e tinha um problema na próstata que demandava cirurgia. “O senhor vai salvar a vida dele”, disse Melo ao juiz.
Alecrim foi solto junto com Melo, preso novamente no mesmo dia 31, mas autorizado a ir para casa pouco depois, a fim de se submeter a uma preparação para cirurgia no hospital alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
A audiência de custódia acabou gerando polêmica, por causa da ausência de representante do Ministério Público Federal. No vídeo, entretanto, o juiz afirma que tentou fazer contato com o procurador de plantão, Edmilson Barreiros, mas não conseguiu.
Melo revela na audiência que a Polícia Federal tinha apenas um mandato de busca e apreensão para revistar o sítio onde ele estava, em Rio Preto da Eva, mas que depois os agentes o pediram para se vestir e acompanhá-los até a sede da instituição, em Manaus. Ele não reclama de maus tratos nem mesmo quando fez a famosa foto no presídio, em que aparece sem camisa e descalço. Disse que lhe explicaram que se tratava de procedimento padrão.
O ex-governador confirma ainda que não estava conseguindo dormir há cinco dias, seja por causa de carapanãs existentes na cela ou em função de seu estado emocional. “Tudo isso que aconteceu me deixou muito abalado”, afirma.
Melo usa um medicamento para prevenir o diabetes, outro para normalizar a urina e um terceiro para tratar uma gastrite. Também reclama de dores na coluna ao acordar. Ele tem 72 anos de idade. Na cela, não chegou a pedir acompanhamento médico, mas teve dificuldades de se alimentar e chegou a vomitar. “O doutor Alecrim me deu um pacote de ameixas e pediu que eu engolisse umas duas, para que meu estômago não parasse ou eu tivesse diverticulite”, revelou.
Há relatos de que a esposa de Melo, Edilene, tem comportamento diferente do dele na carceragem, chegando a falar em voz alta os nomes de outras pessoas que deveriam estar pessoas também, incluindo autoridades com mandato. Isso originou marchinhas de carnaval pedindo que ela faça delação.
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