Culto à verdade

Por Dauro Braga*

É difícil dizer verdades num país onde a mentira se sofisticou tanto que até nome estrangeiro já adotou (Fake News). Apesar da expressão inglesa significar notícia falsa, a meu ver, por amplitude semântica também pode ser considerada ‘mentira’ uma vez que no universo virtual, toda mentira que é urdida contra alguém ou sobre algo, assim é denominada . Com a derrubada da fortaleza onde se abrigava a ‘verdade’ pelas forças poderosas da ‘mentira’, o organismo nacional foi perdendo vitalidade e capacidade imunológica, e com isso, alguns valores e conceitos morais não resistindo ao poder avassalador da mentira, foram caindo um a um. No rol dessas preciosas perdas também se foi o patriotismo, um dos bens mais significativos que compunham o patrimônio nacional. Por conta dessas perdas tão relevantes, somos hoje uma nação pobre de valores fundamentais, mas sobejamente rica de futilidades, de mentiras e maus hábitos.

Feitas as considerações descritivas da problemática atual, quero ater-me ao problema da ‘mentira’ que suplanta a ‘verdade”, por entender que, a maioria das mazelas que fere de morte a nação e aflige seu povo, reside basicamente nessa situação anômala em que nos encontramos. Lamentavelmente, aprendemos rapidamente a lição do que, “o errado é que está certo”, quando permitimos a inversão dos valores achando que isso é ser moderno, e o resto, tudo careta. Estamos tão acostumados com a doçura da mentira que energiza e fortalece as células do nosso egoísmo nos dando uma falsa sensação de conforto e poder, que a verdade nos parece amarga quando a saboreamos,. Com isso estamos legando às gerações futuras um país de faz de conta , uma legião de pinóquios gerada no útero da própria pátria, uma nação pobre de valores morais e estruturais, enfim, uma pátria estraçalhada pela ação maléfica e impatriótica de maus brasileiros. Essa omissão irresponsável que propicia o fortalecimento do status quo em que a nação se encontra, tem suas bases assentadas no comodismo irresponsável de uma geração que abdicou do direito de lutar com medo de enfrentar a multiplicidade de agentes exógenos que atacava as frágeis defesas da pátria, preferindo em vez do campo de batalha onde deveria se encontrar para defender os interesses nacionais, a comodidade dos confortáveis sofás instalados em salões refrigerados a ar, onde a tecnologia virtual predomina sobre as outras opções de lazer, pois lhe oferece além de jogos interativos e recreativos, momentos de extremo prazer nas conversas mantidas através das redes sociais.

Diante desse procedimento covarde e injustificável, uma’ verdade’ cristalina que brilha no “céu da pátria nesse instante”, nos mostra o caminho da reação a ser seguido para evitar a dor maior com a perda definitiva dos valores morais e do sentimento patriótico. Ainda há tempo para recuperarmos o tesouro perdido. Para que isso se materialize, sejamos o sacerdote que no altar das virtudes cultua a santa verdade, adorando-a e fortalecendo-a, e ao mesmo tempo, sendo o coveiro determinado que não reluta em sepultar nas profundezas de uma cloaca profunda, o demônio da mentira.

Deus permita que assim seja!

*O autor é empresário (daurofbraga@hotmail.com)