Culpa de um e derrota de todos 

Enganam-se e muito, todos quantos posicionados num e noutro lado dos espectros políticos ora em contenda no Brasil, achando que sairão vitoriosos ante o cenário de esgarçamento dos tecidos constitucional e da democracia no Brasil.

A tal tripartição e a combalida harmonia entre os poderes já foram pra cucuia de há muito.

Nenhum daqueles encastelados no cume dos três poderes têm a noção ou a consciência do quanto estão levando o país para o cadafalço, posto que ninguém admite recuar ou pôr-se em posição de humildade pensando que o problema não é com eles.

Pois é aí que mora o perigo.

O ex presidiário, os presidentes dos parlamentos federais e do STF, dão de ombros e fazem de conta que não é com eles, o que ora afeta e enfraquece o país inclusive internacionalmente.

Lembro da surrada história creditada ao pastor protestante Martin Niemöler: “Primeiro eles vieram buscar os socialistas, e eu fiquei calado porque não era socialista. Então, vieram buscar os sindicalistas, e eu fiquei calado porque não era sindicalista. Em seguida, vieram buscar os judeus, e eu fiquei calado porque não era judeu. Foi então que eles vieram me buscar, e já não havia mais ninguém para me defender.”

É exatamente dessa forma quase ponciana de lavar as mãos, que muitos políticos brasileiros estão se comportando.

De todos eles, sem medo de errar, aquele que mais tem apostado no caos e abusado da posição de mando(ou será mandonismo?) é o Ministro do STFe Presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

Desde que foi escolhido a dedo por Dias Toffoli em desacordo com o regimento do STF, para presidir o tal inquérito do fim do mundo, Moraes tem passado os pés pelas mãos e vem promovendo toda ordem de desrespeito à Constituição que um dia jurou obedecer.

Todos tem direito de errar; Moraes entretanto, tem abusado desse direito, e, por orgulho, não tem mais coragem de voltar atrás e seus pares no STF se omitem em admoestá-lo.

Por outro lado, o ex condenado também lava as mãos e, em movimentos internos ou por meio de interlocutores, aplaude e incentiva essa verdadeira tragédia política e institucional.

A grande maioria dos deputados e senadores, encalacrados em processos que dependem de ministros do STF, se borram de medo e se recolhem às suas insignificâncias.

Do lado da oposição, o elo mais fraco nessa cadeia, percebe-se, entretanto, a total falta de unidade no discurso e nas atitudes, batendo cabeça aqui e acolá, para ver quem pode liderar uma reação enérgica porém adulta e serena diante dessa onda de insensatez.

Como dizia Bonaparte que não se deve atrapalhar o inimigo quando ele estiver errando, inesperada e surpreendentemente, vem de fora a bomba H que pode entornar mais ainda o caldo.

Exatamente num erro clamoroso cometido pelo ministro Moraes e sua polícia eleitoral, ficou provado de como o TSE atuou fortemente para desequilibrar a balança na eleição presidencial última.

Foi preciso que um jornalista americano desnudasse lá fora esse conluio entre TSE e o Twitter expondo de como houve comandos ilegais e medidas desproporcionais em desfavor da candidatura da direita em 2022.

Descoberta essa trama urdida da forma mais mafiosa e anti-republicana possível, entra em campo o magnata do Twitter.

Elon Musk expõe na sua plataforma de mensagens todos os diálogos, ordens abusivas e tratativas nada republicanas entre a justiça eleitoral e a então gestão local do Twitter e põe mais lenha na fogueira desancando contra o ministro Moraes e o governo.

Onde tudo isso vai desaguar não sei. Só sei que entre os perdedores sem dúvida estarão a democracia, o governo federal já enfraquecido e as instituições republicanas e a nossa Constituição espancada todos os dias pela pena daqueles e daquelas que um dia juraram cumpri-la e protegê-la.

Válha-nos quem?

Té logo!