Crime e castigo

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Escrevo esse artigo de dentro de um avião já de volta para Manaus depois de um curto porém, revigorante período de férias.Antes de adentrar propriamente no título desse artigo permito-me dividir com meus fiéis leitores breves impressões acerca da nossa viagem.

Com minha família e a companhia agradabilíssima da família de meu genro, traçamos um roteiro por alguns pontos turísticos do nordeste brasileiro e, o que experimentamos, foram dias de puro lazer gastronômico e turístico sem porém, deixar eu de observar, como andam as estradas, a qualidade dos serviços, a limpeza das cidades e sobretudo a acolhida e as facilidades de acesso por meio da internet aos pontos programados.

Afirmo que me surpreendi com o que presenciei e senti sobre todos os aspectos observados sobretudo porque tinha eu uma leve predisposição para encontrar no nordeste brasileiro muita pobreza, infraestrutura precária e serviços deixando a desejar. Ledo engano meu! Boas estradas, cidades limpas, serviços de um modo geral à contento, internet funcionado bem, comida boa e de preços razoáveis, praias e estruturas de lazer satisfatórias, entre outras boas impressões.

Aqui e ali abordei pessoas das capitais e das aldeias praianas  e, captei, por meio de uma conversa despretenciosa, opiniões principalmente sobre o clima político e o termômetro eleitoral nacional e o que pude observar de concreto foram sentimentos ora de apatia ora de revolta com situações e nomes postos na corrida eleitoral especialmente a presidencial.

Sofrido, esbulhado e sobretudo usado e manipulado por séculos pelos coronéis da política como instigantemente narrado pelos mais célebres escritores da lavra de um José de Alencar ou Guimarães Rosa ou ainda e principalmente por Gilberto Freire, o povo nordestino é antes de tudo um forte e, se está sorumbático e até raivoso com o assunto política, podemos imaginar que novos tempos de mudança hão de estar a caminho. Há gente que pense o contrário! Eu prefiro apostar que a esperança será novamente a palavra chave de 2018 porém, balbuciada com mais verdade e sem hipocrisias.

Bem, retornemos então ao tema principal do nosso artigo deste dia 08 de janeiro de 2018.

Devo lembrar que, mesmo de férias,  estive ligadíssimo e muito bem informado dos últimos e bombásticos acontecimentos políticos e policialescos ocorridos no nosso estado especialmente por meio da leitura diária e obrigatória deste Blog do meu parceiro Hiel Levy, o mais bem informado, sensato e imparcial entre muitos.

Pois bem, o que posso eu analisar e opinar tem muito a ver com a famosíssima Lei de Murphy que diz que “tudo o que pode acontecer vai acontecer” e, efetivamente, não deu outra! Depois de roubarem, enganarem e rirem às custas do povo achando que poderiam agir impunemente, secretários foram presos, soltos e retornaram à cadeia e, pela primeira vez na história política do nosso estado, o mesmo governador cassado é preso e leva junto com ele sua esposa e também ex presidente de um suspeitíssimo Fundo de Promoção Social.

Havia uma cadeia(sem trocadilho), uma teia, uma trama sordidamente urdidas para saquear os cofres do estado, enriquecer essa gente corrupta e, principalmente, fazer sofrer o povo mais necessitado tirando-lhes o direito ao acesso a  uma saúde mais humanizada e eficiente porque, mão de obra qualificada e dedicada, a área de saúde tem de sobra.

Para todo crime há um castigo na mesma proporção e merecimento. E, como disse numa postagem no Facebook – PRA SER JUSTIÇA DE VERDADE NÃO PODE TARDAR NEM DEVE FALHAR, espero que a mão certeira e esperançosa da justiça seja feita e que os corruptos continuem presos, paguem pelos seus crimes e devolvam cada centavo surrupiado do povo.

Há ainda muito chão pra ser andado e muita coisa pra ser desvendada. Penso e espero que tanto quanto foram espertos para roubar,  essa gente seja corajosa para delatar todos os demais envolvidos para que parte dos suas penas sejam debitadas mas, os cidadãos de bem, possam conhecer cada um e cada uma das personagens envolvidas e sabidamente culpados nessa, que é a mais nojenta, abjeta e rocambolesca história política e policial de que se tem notícia em toda a história do nosso estado.

Quer me parecer que entre gregos e troianos, entre plantas, lobos e profetas e, entre libaneses e judeus, a polícia e o ministério público haverão de chegar aos kibes e esfirras para que o caroço desse angu seja encontrado ainda que escondido em caixas, boxes ou cofres.

Té logo!

ET: Enquanto concluía esse artigo para envio ao Blog, tomei conhecimento do passamento do jornalista, escritor e membro da ABL Carlos Heitor Cony cujas crônicas e artigos jornalísticos acompanhei por longo período e, de quem extraí e sempre divulguei uma célebre frase que fala do fim da vida que diz:”Viver não é mortal; a morte é que é vital”. Descanse em paz!

*O autor é farmacêutico e empresário