Dando continuidade ao tratamento de pessoas com deficiência e possibilitando a reabilitação de crianças, adolescentes e adultos, o Governo do Amazonas retomou a Equoterapia, método terapêutico e educacional com cavalos. Por conta das medidas de segurança exigidas pela pandemia, a modalidade estava com as atividades interrompidas. A terapia com equinos é realizada pelo Núcleo de Equoterapia da Polícia Militar, que fica no bairro Dom Pedro, zona centro-oeste de Manaus.
As atividades retornaram na última semana com mais de 80 alunos acompanhados nos horários da manhã e tarde. Cada aula dura cerca de 30 minutos e conta com o auxílio de um fisioterapeuta, psicólogo e condutor.
O equitador da Cavalaria da PM, tenente Boa Sorte, afirma que o retorno das atividades da equoterapia significa a continuação do trabalho filantrópico realizado pelos profissionais envolvidos.
“É muito gratificante, e com certeza tem um papel fundamental. Essas pessoas têm uma evolução considerável a partir do momento em que elas iniciam essa prática, e quando é interrompido esse trabalho, esse ganho, a gente acaba perdendo. Voltando com esse trabalho, a perda que a gente teve vai ser, com certeza, diminuída”, disse.
Mudança de vida
As aulas de equoterapia da Cavalaria da PM são destinadas para pessoas com deficiência a partir de 3 anos de idade, entre elas pessoas com Síndrome de Down, paralisia cerebral, e também com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), além de patologias como déficit de atenção, depressão, entre outras.
A psicóloga do projeto, Eulália Campos, explica que o acompanhamento da equoterapia pode durar de seis meses a dois anos, divididos em quatro fases, que vão desde o estágio inicial, para alcançar segurança e mobilidade no cavalo, até etapas competitivas, em que o praticante já domina a equitação.
Segundo a especialista, os ganhos cognitivos gerados são inúmeros e conseguem mudar a vida dos participantes.
“Na parte cognitiva nós trabalhamos a atenção, memória, concentração, e observamos como a criança se desenvolve. A questão da lateralidade, esquerda e direita, por exemplo. Os autistas têm muita dificuldade de absorver essas informações e se concentrar. Durante a prática a gente vai com o cavalo, os estímulos que ele passa para a coluna favorecem que as crianças tenham uma interação maior com a equipe, melhorando ainda a socialização”, destacou.
Entre os adultos que praticam a modalidade no local, a Equoterapia também proporciona uma série de benefícios. É o caso do servidor público Álvaro Libório, de 31 anos, que vem superando as sequelas causadas por um AVC.
“Eu estava trabalhando em empresa privada, fazendo monografia, mas não tinha tempo para ir ao médico verificar o porquê de estar sentindo dor de cabeça direto, e então deu um AVC isquêmico em mim. Fiquei um ano sem poder andar, fazendo fisioterapia em casa, e procurei a cavalaria, a equoterapia. Nem andava e nem falava. Hoje graças a Deus estou falando e andando”, relatou Álvaro.
A fisioterapeuta da equoterapia, Emanoelle Feitosa, esclarece que a equipe multidisciplinar traça um foco técnico para cada pessoa, respeitando as limitações decorrentes das patologias. Ela relembra casos de pessoas que usavam cadeiras de rodas e voltaram a andar depois de se dedicar à atividade. Para ela, o resultado do trabalho é gratificante.
“Nessa hora a gente deixa de ser profissional e é só ser humano mesmo. A gente brinca junto, agradece junto, comemora junto. A gente é uma família, porque uma criança evoluir não é só a criança e a família ali, é um trabalho conjunto, é uma alegria nossa. Todo mundo trabalha para isso”.
Equoterapia
Com 29 anos de serviços prestados à sociedade, o Núcleo de Equoterapia da Polícia Militar é o único centro do estado do Amazonas filiado à Associação Nacional de Equoterapia (Ande). O local teve as novas instalações inauguradas pelo governador Wilson Lima em novembro de 2020.
Com investimento de R$ 2,8 milhões, por meio do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza (FPS), a obra contemplou a ampliação de quatro edificações, sendo um galpão principal que será usado como picadeiro, o prédio da administração, o galpão usado como depósito e um galpão menor destinado à esterqueira.
Para ser inserido no programa social, o interessado deve ter indicação médica por escrito. Com o documento em mãos, basta entrar em contato com o núcleo de equoterapia da PM (avenida Tiradentes, Dom Pedro I), levando também os documentos pessoais e do responsável.
FOTO: Lucas Silva
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