Por Ronaldo Derzy Amazonas*
A expressão carta branca dentre tantos aforismas larga e abusadamente utilizados e que para mim denota um certo ar de racismo, foi o termo utilizado pelo presidente Bolsonaro quando, querendo prestigiar e empoderar seu auxiliar, usou-o na ocasião da nomeação do ex juiz Sérgio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública.Queria dizer o Presidente que Moro teria toda liberdade para montar sua equipe ministerial a fim de combater o crime organizado, tratar sobre as investigações a cargo da Polícia Federal, propor leis mais duras para os criminosos, ajudar a Justiça Federal e o Ministério Público nos processos da lava a jato entre outras nobres atribuições da pasta porém, as coisas não estão saindo bem assim.
Moro acaba de sair arranhado de um episódio no qual uma conhecida cientista social indicada por ele para compor um conselho para assuntos de política criminal e penitenciária, como suplente,foi vetada publicamente e pasmem, sob expressivo peso de manifestações contrárias vindo das redes sociais causando tão grande constrangimento que levou o ministro a voltar atrás e decidir pela não indicação de uma personagem que havia abertamente exposto opiniões contrárias ao então candidato Bolsonaro e atualmente ao próprio governo no que concerne às políticas públicas voltadas para a área criminal e penitenciária.
Penso, honestamente, que não estamos mais no período eleitoral e a campanha até já passou. Há que se pensar agora na gestão e na adoção de medidas cruciais para o setor da segurança pública sem o que não marcharemos sobre aquilo que é vital para o controle do avanço do crime organizado e seus tentáculos políticos.
Ao recuar na indicação técnica da especialista em causa, Moro agiu com pusilanimidade expondo uma fraqueza e uma subserviência sem igual até porque esses organismos como o próprio nome diz, devem ser plurais de ideias, pensamentos, posições e votos, tendo em vista que as opiniões emitidas por quaisquer dos seus membros são apenas uma entre tantas outras tendo em vista que essas entidades agem tão somente como aconselhadoras em questões muito técnicas.
Não pegou bem esse recuo do ministro e muito menos o poder das pressões das redes e do próprio Presidente da República que deve sim agir de modo mais transparente respeitando os espaços dos seus indicados para os ministérios com o que estará dando um sinal de maturidade política e alto grau de apreço aos seus subordinados na condução dos processos administrativos, políticos e funcionais de suas pastas.
Ou a carta é branca, sem manchas e confere poder ou é apenas um pedaço de papel que se pode rasgar a qualquer hora causando estragos no governo.
Té logo!
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