Canhão contra o povo!

Por José Ricardo Weddling*

O ministro da economia, Paulo Guedes, diz que pretende disparar o canhão da privatização. Entregar patrimônio público para a iniciativa privada. Normalmente, as privatizações favorecem interesses privados e causam prejuízos ao interesse público.

A agenda do governo Bolsonaro é antipovo e antinação. A primeira etapa é retirar R$ 1 trilhão dos trabalhadores, por meio da Reforma da Previdência e, em seguida, começar a venda de ativos públicos da União, irão privatizar. Qual o objetivo? Pagar juros das dívidas públicas. Isso mesmo, pagar os bancos, os empréstimos e seus altíssimos juros, nunca auditados.

Ora, não se pode esperar nada diferente desse ministro, pois ele é banqueiro e a lógica é diminuir ou congelar gastos públicos e investimentos para ter o superávit que garanta pagar juros. Daí os cortes de recursos na educação, na saúde, nas pesquisas e na moradia.

As privatizações normalmente rendem pouco para o poder público. A venda é por valores irrisórios, comparados aos valores de mercado e a importância estratégica dos setores onde o governo, com dinheiro público, investiu por décadas.

Muitas privatizações culminam em serviços mais caros e deficientes, em precarização do trabalho, em perda de enorme patrimônio público e até da soberania nacional.

Privatizaram as empresas de energia. A Amazonas Energia foi vendida por um valor de R$ 50 reais. Sim, por cinquenta reais. Já começaram as demissões e os apagões. Em Manacapuru, Iranduba e Novo Airão foram vários dias sem energia. Em Codajás, também está faltando energia. E o povo nas ruas se manifestando, com prejuízos em casa e nos seus comércios.

Quem vai continuar o Programa Luz para Todos? O programa é social, atende comunidades pobres. Não dá lucro.

Os Correios estão presentes em todo o Estado do Amazonas. Presta serviços essenciais para a população. Mas não tem lucro na maioria dos lugares. O governo quer privatizar.

No Banco do Brasil, o Governo Bolsonaro quer iniciar o fechamento de agências e reduzir funcionários. Mas por quê? O banco dá lucro, e não é pouco. Imagine: o banco mais importante do país, parte da história do Brasil, e o ministro entreguista quer passar para a iniciativa privada.

Assim também a Caixa Econômica Federal, que está nos planos de privatização. A maioria dos programas sociais, benefícios para trabalhadores e que garante moradia, tem a CEF como agente público principal. Muitos municípios pleiteiam uma agência da Caixa. Agora mais difícil.

No Amazonas, está nos planos do Governo a venda do Aeroporto de Manaus. Ora, o Terminal de Cargas, o terceiro maior do país, tem lucro de R$ 50 milhões/ano, e o Terminal de Passageiros foi considerado um dos 10 melhores do Brasil, tendo recebido investimento público de mais de R$ 300 milhões, triplicando sua capacidade para os próximos 20 anos. Por que privatizar, se está dando lucro e é eficiente?

Mas a joia da coroa é a venda da Petrobras. Temer passou para empresas estrangeiras a exploração do Pré-Sal. A Refinaria de Manaus começou a ser vendida. Mas, na calada da noite, dias atrás, a BR Distribuidora, foi vendida para bancos. Isso mesmo, os amigos banqueiros do ministro Paulo Guedes.

Um absurdo. O nosso petróleo, estratégico para o país, entregue para estrangeiros e os banqueiros. Nos EUA, um ministro desse estaria na cadeia. O canhão de privatização do ministro da Economia e do presidente Bolsonaro vai destruir o país e junto com ele o futuro do seu povo.

*O autor é economista e deputado federal pelo PT