Célebre poeta romano, Virgílio nasceu em 70 a.C. e faleceu em 19 a.C. é autor de três grandes obras da literatura latina, as Bucólicas, as Geórgicas, e a Eneida – sua principal obra. Ao escrevê-la, Virgílio inspirou-se em Homero, tentando superá-lo: Virgílio empenhou-se em fazer da Eneida o poema mais perfeito de todos os tempos. De certa forma, a primeira metade da Eneida tenta superar a Odisseia enquanto a segunda tenta superar a Ilíada. Detalhes: (i) A Ilíada é um poema épico grego que narra os acontecimentos ocorridos no período de pouco mais de 50 dias durante o décimo e último ano da Guerra de Troia e cuja ápice reside na ira de Aquiles. O título da obra deriva de um outro nome grego para Troia, Ílion; (ii) a Odisseia, por sua vez, é uma sequencia da Ilíada e relata o regresso de Odisseu, (ou Ulisses, como era chamado no mito romano), herói da Guerra de Troia e protagonista que dá nome à obra; (iii) a Eneida narra as aventuras de Eneias, um troiano que, depois da destruição de Troia, foge com a sua família. Sua fuga dá-se por mar. O protagonista procura então um sítio para fundar uma nova cidade, que se tornaria Roma; (iv) em Os Lusíadas (a epopeia poortuguesa) de Luis de Camões também se observa a influencia homérica.
O protagonista de As Labibíadas de Virgílio Neto é Labib Faour Auad, sócio proprietário da CONSLADEL – Construtora, Laços Detetores e Eletrônica Ltda, cuja epopeia manauara persiste desde a gestão de Amazonino Mendes. Curioso que nesta semana ouvi de um certo interlocutor que “O Amazonas tem o Teatro Amazonas, o Encontro das Águas e o Amazonino Mendes”, pretendendo dar a ideia de mito ao vetusto político amazonense, cuja gestão manteve “laços fortes” com a CONSLADEL, posto que pagou a bagatela de R$29,5 milhões de 2010 a 2012 ao protagonista Labib Faour Auad.
Virgílio Neto, a seu turno, também não conseguiu resistiu aos “fortes laços” de Labib Faour Auad e pagou-lhe R$28,4 milhões de janeiro de 2013 a março de 2015. E estava disposto a pagar-lhe mais não fosse a intervenção de um novo personagem.
Então, um novo processo licitatório foi realizado: o Pregão Presencial no. 007/2015 com homologação publicada em 27 de agosto de 2015. Imaginem quem venceu o certame?!! O CONSÓRCIO MANAUS SEGURO com proposta de R$7,68 milhões que tem como sócio majoritário, mais uma vez, o protagonista Labib Faour Auad. Esses laços, agora não mais da CONSLADEL, mas do protagonista Labib Faour Auad, devem ser muito fortes mesmo.
E é exatamente neste ponto que entra em cena nessa epopeia manauara o novo personagem acima citado, Dissica Calderaro, cujo propósito não era outro, senão dar um outro nome à obra de Virgílio Neto: talvez uma Dissiquíada. Uma equipe de reportagem do grupo de comunicação por este dirigido flagrou a tramóia e a denunciou ao Minsitério Público no horário nobre da TV. Resultado: Paulo Henrique do Nascimento Martins, Diretor Presidente do Manaustrans, que nada tem a ver com o glamour dessa epopeia, que até tentou explicar o inexplicável, foi exonerado.
Ressaltamos que a Eneida foi encomendada por Augusto, Imperador Romano, para cantar a glória e o poder do Império Romano. Um poema que rivalizasse e quiçá superasse as obras de Homero, e também que cantasse, indiretamente, a grandeza de César Augusto. Assim, além do conteúdo poético, Eneida tem também um quê de propaganda política, fato corriqueiro em nossos dias. Mas também não nos causa estranheza, visto que até os lusitanos também quiseram ver glorificada sua história na obra de Luis Vaz de Camões.
Virgílio Neto, experiente que é, penso que saberá desvencilhar-se desse epísódio nada agradável e tornará a escrever essa epopeia, porém agora, com um novo título. E por favor, nada de Labibíada ou mesmo Dissiquíada.
Nilmar Oliveira, mestre e doutorando em Economia pela Universidade Católica de Brasília, foi a grande surpresa da eleição de 2014, obtendo mais de 48 mil votos para deputado federal, sem jamais ter disputado nenhuma eleição. É presidente municipal do PRB.
