Após série polêmica na Netflix, família Souza ensaia retorno à política, mas esbarra em processos judiciais

Lindivan Vilaça – Freelancer

Três meses após o lançamento da série “Bandidos na TV”, da Netflix, que trouxe à tona mais uma vez, o possível envolvimento da família Souza com o tráfico de drogas e uma série de assassinatos, o grupo político ensaia o retorno ao cenário, apostando no convencimento que o programa promoveu da inocência deles. O ensaio, entretanto, esbarra em processos judiciais que vão desde o envolvimento com pedofilia, tráfico de drogas e até desvio de verba pública.

Nos últimos dias, o estudante Willace Souza, filho do falecido Wallace Souza, apareceu como alternativa da família. Ele não tem problemas com a Justiça. Ocorre que o tio, ex-vereador e ex-deputado Fausto Souza, foi quem fez o movimento mais eloquente, aparecendo em caravanas políticas pela Zona Leste. E este tem problemas a resolver. Recentemente ele e o irmão, o ex-deputado federal Carlos Souza, foram condenados a 15 anos de prisão justamente por causa dos problemas abordados na série televisiva. Ambos estão recorrendo da decisão.

Um dos processos de maior repercussão de Fausto está relacionado a uma denúncia feita em 2014, na qual a Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI) pediu o indiciamento sobre o crime de exploração sexual contra uma adolescente de 16 anos, praticado na época em que era deputado estadual. Uma matéria exibida no Jornal Nacional em 2016, detalhou como era o esquema de prostituição que o envolveu.

Outro processo ingressado no Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), apontou que em 2010, quando era vereador, Fausto desviou recursos da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais) mensais – destinada a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício da atividade parlamentar para custear gastos pessoais em pleno exercício da atividade parlamentar.

Conforme mostram os autos, Fausto apresentava mesalmente ‘notas fiscais genéricas’ sem referência a quantidade preço unitário e discriminação do produto fornecido. Só com alimentação nos anos de 2010 e 2011 o ex-vereador gastou R$ 2,939,34 . “Em outros documentos, salta aos olhos a quantidade de comida adquirida e o valor pago, não condizentes com a realidade. Há, ainda, casos em que houve despesa dobrada no mesmo dia”, diz o MP.

Um trecho do processo argumenta que com combustível era gasto um valor mensal de R$ 15.650,00 e ressalta que “das notas fiscais apresentadas para comprovação dos gastos, chama atenção de imediato a quantidade de gasolina adquirida em uma única compra mensal. O único automóvel com capacidade para armazenar a quantidade de centenas de litros de gasolina ou diesel adquirida pelo Requerido seria um caminhão-pipa.”

O MPE reconheceu as características marcantes como ‘promoção pessoal com viés políticoeleitoral’, considerando a utilização de recursos públicos.

Além destes, Fausto é processado por não pagamento de um lote urbanístico dentro do condomínio Passeio das Águas, localizado na AM-070. O contrato de compra e venda do imóvel foi firmado em 2015, no valor de R$ 116.183,00. Conforme documentação, Fausto Souza deixou de efetuar o pagamento das parcelas em agosto de 2017. Em junho deste ano, a dívida já chegava a R$ 24.700,91.

Irmãos coragem

Os irmãos Souza já foram campeões de votos na década de 90, puxados pela popularidade de um programa de TV, que abordava assuntos da segurança pública.

Em 2014 Fausto e Carlos Souza disputaram mandatos porém em partidos diferentes. Fausto se filiou ao Podemos e não conseguiu a reeleição de deputado estadual, enquanto Carlos trocou o PSD pelo PSDB, ficando como primeiro suplente de deputado federal. Ele, aliás, ainda assumiu a vaga de Artur Bisneto, durante o período em que este ocupou o cargo de secretário chefe da Casa Civil da Prefeitura.

Para voltar à política, mais do que uma série de TV, a família vai precisar fazer uma opção: ou aposta em Willace ou resolve as pendências dos outros dois “irmãos coragem”, uma tarefa das mais difíceis.

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