Água fria na Lava Jato

Nem o mais inocente e desligado cidadão brasileiro poderia continuar a acreditar no pleno funcionamento da mais ampla, profunda e significativa operação contra a corrupção de que se tem notícia na história recente do nosso país tantas foram, são e serão as tentativas de enfraquecê-la, dominá-la e desgastá-la, até que se alcance, com sucesso, seu extermínio.
Quase sete anos de seu início em 17 de março de 2014, mais de mil mandados de busca e apreensão, prisões, conduções durante setenta e uma fases operacionais e, quase 20 bilhões de reais, entre grana repatriada, bens bloqueados, apreendidos, recuperados e operações financeiras desmanteladas e recursos devolvidos aos cofres públicos e, após tantos escândalos políticos e financeiros, a Lava a Jato alcança seus extertores nas mãos e pelo conchavo político até mesmo dentro do governo federal, por causa da ciumeira de parte dos membros do STF para com os jovens e corajosos procuradores federais de Curitiba e, mais pesadamente, pela pela pressão da cúpula da Procuradoria Geral da República em alinhado discurso e postura com o poder executivo Planaltino.

Quem diria que, em pleno governo de direita que se elegeu sob a égide do combate à corrupção, fôssemos assistir ao enfraquecimento mais sentido da força tarefa da Operação Lava a Jato que tem na figura do Procurador Dalagnol seu mais brilhante e combativo expoente e, por isso mesmo, alvo preferencial e constante de empresários, políticos e governantes corruptos e inescrupulosos.

O que a grande maioria de nós, homens e mulheres de bem e honrados assistimos embasbacados, é a renúncia do coordenador dessa importante força tarefa que lutava bravamente para caçar, investigar, denunciar e buscar todos os meios legais para por a cadeia tantos e tantos políticos e empresários ladrões de dinheiro público obrigando-os a devolver aquilo que pertence à nação brasileira.

Tanto fizerem contra, tantas foram e serão as tentativas de atingir o âmago da operação que impuseram, com a saída do Procurador Dalagnol, uma importante derrota no enfrentamento à corrupção no nosso país.

Lamentavelmente os maus venceram essa batalha mas a guerra continuará até que o último inimigo da moralidade pública, o último ladrão dos cofres da nação e, o mais sórdido dos políticos, seja investigado, julgado, condenado e trancafiado numa cela comum de uma penitenciária federal,mas antes, devolvam cada centavo que desviaram ou roubaram da saúde, da educação, da infraestrutura e da grana destinada à proteção social aos mais pobres.

A Lava a Jato não morreu e nem morrerá com a saída do Dalagnol, ao contrário, ela inicia uma nova e desafiante fase que é a de ressurgir mais vigorosamente das cinzas para continuar a enfrentar os corruptos poderosos onde quer que estejam ou em qual cadeira pública se assentam.