A quinta-feira, 18 de outubro, corria tranquila em Manaus, até que a noite chegou e com ela um turbilhão de acontecimentos que sacudiu a cidade. Primeiro, o jornalista Wilson Lima (PSC) surpreendeu ao pedir ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) a suspensão do debate marcado para as 21h na Band Amazonas, alegando que as regras não estava, claras. Depois, às 19h54, ocorreu uma perturbação no Sistema Interligado Nacional, que provocou o desligamento do tronco de transmissão de 500kV Tucuruí-Manaus/Macapá, gerando um “apagão” na cidade. A confusão foi inevitável.
Lima conseguiu o intento, em parte. O juiz auxiliar Bartolomeu Ferreira de Azevedo Junior acatou o pedido dele e mandou suspender o debate. Só que o oficial de Justiça só chegou à emissora quando faltavam apenas dois minutos para terminar a entrevista com o governador Amazonino Mendes (PDT), que foi entrevistado durante 28 minutos pelo jornalista Otácio Seschi, enviado pela Rede Bandeirantes para mediar o confronto entre os dois candidatos que disputam o segundo turno. O regulamento previa que, no caso da ausência de um deles, o programa seria transformado em uma entrevista com o outro.
Pouca gente viu a entrevista. Isso porque apenas às 21h50 os problemas que levaram à falta de energia, que atingiu os Estados do Amazonas, Amapá e Pará, levando ao desligamento das áreas de Manaus, Macapá e a da região oeste do Pará, foram totalmente solucionados. No Amazonas, o restabelecimento do fornecimento de energia iniciou às 20h54, seis minutos antes do horário previsto para o início do debate. Às 21h21, apenas 50% da carga já tinha sido restabelecida, e apenas às 23h o sistema estava 95% recomposto, sendo totalmente normalizado à 00h31 em Manaus, Iranduba, Manacapuru e Presidente Figueiredo.
Wilson Lima também teve a estratégia paralela que montou prejudicada. Ele fez preparou uma transmissão ao vivo pelas redes sociais para as 20h, mas a energia foi embora antes disso e a live durou apenas 10 minutos.
A POLÊMICA DAS REGRAS
O debate na TV Band Amazonas foi acertado há oito dias. Os representantes dos dois candidatos assinaram uma ata em que confirmavam sua presença e concordavam com as regras. Ontem, Wilson Lima foi avisado de que os jornalistas convidados para participar do programa poderiam fazer perguntas constrangedoras a ele. Por isso, decidiu encaminhar pedido de cancelamento ao TRE-AM. Oficialmente, alegou que as regras poderiam permitir alguma manipulação e que a emissora tinha entre os sócios o empresário Francisco Garcia Rodrigues, pai da empresária Rebecca Garcia (PP), candidata a vice-governadora na chapa do governador Amazonino Mendes.
“Em leitura atenta, é possível perceber que as regras determinadas a ditar o referido debate não se encontram tão claras”, dizia o texto encaminhado por Lima ao TRE-AM. A coligação adversária imediatamente questionou por que ele não contestou as regras no primeiro turno, quando compareceu ao debate na Band Amazonas.
Wilson Lima ainda alegou que o o adversário já teria conhecimento prévio dos temas que seriam abordados. Argumentou que sua assessoria de imprensa solicitou as informações insistentemente, por telefone, whatsapp e de forma presencial, aos organizadores. Ouvida pelo blog, a organização informou que explicou aos assessores as regras, prevendo que haveria sorteio para a escolha das perguntas a serem feitas aos dois concorrentes, o que impediria o conhecimento prévio.
Como o juiz acatou os argumentos e mandou suspender o debate/entrevista, Amazonino reagiu. “É (uma decisão) estapafúrdia, mas você tem de respeitar as instituições. Eu acho um prejuízo para o exercício democrático. É visível, é claro. Eu lamento que o nosso país ainda precisa de algum tempo para se ajustar como um país democrático”, disse o candidato.
OS PRÓXIMOS DEBATES
No primeiro turno, ocorreram seis debates na Rede Diário, TV Em Tempo, TV A Crítica, TV Amazonas, Rede Tiradentes e na própria Band Amazonas. Neste segundo turno, apenas a Rede Tiradentes já realizou o confronto entre os dois, no dia 15 último. A TV Em Tempo, que realizou três encontros na primeira fase da campanha, desta vez não promoverá nenhum, o mesmo ocorrendo com a TV A Crítica, emissora onde Wilson Lima apresentou programas nos últimos 12 anos.
Na segunda-feira, 22, às 21h, está previsto um novo confronto entre os dois, na Rede Diário de Comunicação, mas Wilson Lima ainda não confirmou presença. Sua assessoria garantiu que ele estará apenas no encontro programado para a quinta-feira, 25, na TV Amazonas/Globo. Amazonino Mendes já disse que participará dos dois programas.
