A crise lá e cá

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Lendo uma edição de semanas atrás da Folha de São Paulo, deparei-me com uma matéria sobre o tema “Brasil em Crise”, que trazia uma entrevista dada pela presidente Dilma Rousseff a alguns meios de comunicação selecionados. O título da matéria: “Dilma afirma que errou na avaliação da economia”.

Reproduzo aqui o trecho sobre os erros da presidente:

 

Erro 1

“Vocês sempre me perguntam: em que você errou? Eu fico pensando (…). Em ter demorado tanto para perceber que a situação podia ser mais grave do que imaginávamos. E, portanto, talvez nós tivéssemos de ter começado a fazer uma inflexão antes”, disse. “Talvez porque não tinha indício de uma coisa dessa envergadura. A gente vê pelos dados”, justificou. “Nós levamos muito susto. Nós não imaginávamos. Primeiro que teria uma QUEDA DA ARRECADAÇÃO TÃO PROFUNDA. Ninguém imaginava”. Para a presidente, a crise só ficou evidente entre novembro e dezembro.
 
Erro 2 

“GASTO PÚBLICO. Talvez o meu erro foi não ter percebido prematuramente que a situação seria tão ruim como se descreveu. Ela [dificuldade] começa em agosto. Só vai ficar grave entre novembro e dezembro. É quando todos os Estados da federação percebem que a arrecadação caiu”, disse.

A leitura dessa matéria provocou em mim um flashback. Fui remetido a agosto de 2014, quando da publicação do livro “O fim do Brasil” do economista Filipe Miranda (você, leitor interessado, pode encontrá-lo na livraria Saraiva do Manauara). Ele já previa todo esse desastre da economia brasileira, inclusive a queda das ações da Petrobrás e das grandes empreiteiras. Assim como esse jovem economista, todos os economistas das fileiras de PT e PSDB tinham conhecimento da realidade, mas todos comeram abiu. E por que? Porque ambos são duas faces da mesma moeda.

Agora é a vez dos estados.

A Assembleia Legislativa está expulsando os servidores às 14h00 e desligando os elevadores. Essa atitude é sintomática. Por exemplo, causa estranheza que ao final do mês de agosto nem a Assembleia Legislativa e nem a Câmara Municipal de Manaus tenham pago a 1ª. parcela do 13º. salário dos servidores públicos. Faltam quatro longos meses para encerrar o ano fiscal e as contas públicas não estão fechando. E esse quadro nos leva a pensar que:

  1. Estão com dificuldades orçamentárias para pagar o 13º. salário do funcionalismo;
  2. Terão que cancelar notas de empenho de fornecedores de serviços públicos para conseguirem fechar as contasem dezembro;
  3. Terão que fazer malabarismos contábeis para não incorrerem em crime de responsabilidade fiscal.

Presumo que estes gestores públicos estejam perdendo sono para fechar essa conta diante da queda de arrecadação e consequente queda nos repasses das transferências constitucionais. E tudo isso por falta da competência para perceber o óbvio.

Nilmar Oliveira

Doutorando em Economia pela Universidade Católica de Brasília

Nilmar Oliveira, mestre em Economia, foi a grande surpresa da eleição de 2014, obtendo mais de 48 mil votos para deputado federal, sem jamais ter disputado nenhuma eleição. É presidente municipal do PRB.

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