21 de junho de 2058-Parte final 

No rescaldo glorioso de ter alcançado um século de existência continuo, como prometi no artigo anterior, em relatar o de como a pandemia pelo novo coronavírus assolou nosso estado. Eis pois a minha narrativa final sobre esse terrível mal.

Quatro décadas se passaram desde que, novamente, uma grande praga causada por um vírus criado em laboratório e originada na outrora China comunista agora, República Democrática da China (primeira potência bélica e econômica mundial na atualidade), varreu o planeta no ano de 2020 provocando milhares e milhares de mortes.
Lembro que a antiga Organização Mundial da Saúde dirigida à época por um pseudo cientista ligado às esquerdas da Etiópia seu país de nascimento, este, sob a tutela chinesa, bem que tentava impor um rigoroso controle sobre a pandemia suas causas e efeitos mas a China, um dos maiores financiadores daquele organismo de saúde, determinava o encobrimento das informações que a ligassem como culpada pela tragédia planetária. Até os dados estatísticos foram absurdamente escamoteados e filtrados de modo que na época a então China comunista liberou informações que constavam apenas pouco mais de três mil mortes entre algo em torno de oitenta mil casos. Isso num país de mais de 1,3 bilhões de habitantes. Como dizia minha velha mãe: Durma-se com uma mentira dessa e acorde satisfeito!
Lembro que o mundo científico, no início da pandemia, tateava em busca de respostas e tratamentos específicos e eficazes para barrar o avanço do vírus no organismo humano. Drogas antigas usadas contra a malária, antiparasitários e antiprotozoários e até drogas modernas, eram prescritas aos pacientes ora associadas ora isoladamente. Muitos pacientes morreram da cura, ou seja, dominou-se o vírus mas causou-se enormes estragos no organismo pelas reações adversas promovidas. Graças a Deus que ainda no ano de 2021 a vacina mais eficaz contra a SARS Cov 2, como se denominou na época a doença, foi sintetizada e largamente difundida no mundo como medida preventiva na proteção da saúde humana. Ainda hoje morrem muitas pessoas no mundo pelos surtos epidêmicos de SARS Cov 2 cada cinco anos, doença que leva a uma síndrome respiratória gripal com graves consequências no sistema circulatório, intestino e pulmões e causada por um coronavírus.
Naquele longíquo 2020, mais de dez mil profissionais e técnicos da saúde os quais trabalhavam na linha de frente contra a pandemia, pereceram no mundo todo durante o enfrentamento à doença; uma das maiores tragédias especialmente em continentes como a África e América Latina tão carentes de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem especialmente.
O Amazonas foi um dos estados mais atingidos pela pandemia. Aqui, como em todo lugar do mundo, ninguém estava preparado o suficiente para o combate à doença. A estrutura de saúde pública e privada colapsou, o sistema funerário e os cemitérios entraram em parafuso com tantas e tantas mortes diárias, pois o povo, especialmente da periferia, foi o mais atingido pelas mortes porque não atenderam aos apelos das autoridades para que praticassem o que à época se convencionou chamar de isolamento social. O noticiário local e nacional era pródigo em divulgar cenas de horror nos hospitais com pacientes dividindo espaços com corpos e, nos cemitérios, caixões sendo enterrados empilhados. Hospitais de campanha foram montados para oferta de quase mil leitos normais e de UTI; mais de dois mil técnicos e profissionais de saúde foram contratados em meio a às centenas de baixas causadas pela doença.O Ministério da Saúde pouco ajudou o estado preferindo dar atenção aos estados mais alinhados politicamente ao governo central o que motivou mais ainda que o caos se instalasse no estado. Perdi muitos colegas de serviço público e amigos de infância e, cada família pelo me os teve um ente querido morto pelo coronavírus. Manaus quase parou diante dessa tragédia na saúde!
Mas, foi na política amazonense, que a pandemia também provocou muitos estragos por causa das desavenças, divisões e disputas menores. Até um malogrado processo de impiachment do governador da época foi intentado em meio às disputas eleitorais pela prefeitura da capital para as eleições do ano de 2022 que, pela primeira vez, elegeu uma mulher para ocupar o Paço Municipal, isso depois que a pandemia foi responsável até pela suspensão  do calendário eleitoral no ano de 2021.
Nosso país, igualmente sacudido de modo implacável pela maior tragédia sanitária de todos os tempos, chorou suas milhares de mortes. A economia entrou em recessão com o PIB negativo em mais de cinco por cento; mais de quinze milhões de desempregados recorde absoluto na história do país que levou pelo menos seis anos para retomar os rumos do crescimento.
Na política, fatores ideológicos e partidários dominaram, tanto quanto a pandemia, o cenário de disputas e guerras midiáticas; o presidente do país um ex militar de direita muito combatido naquele período pela sua postura de aversão ao comunismo e às teses e ideologias de esquerda, em que pese uma ferrenha perseguição às suas ideias e posicionamentos totalmente liberais de direita, logrou êxito e foi reeleito para novo mandato. A direita continuou ainda governando o Brasil por duas décadas até que a ideia do parlamentarismo voltou novamente aos debates no Congresso Nacional sendo aprovado no final de 2040 por meio de uma emenda constitucional e, pela primeira vez, nosso país passou a ser dirigido por uma primeira ministra filha de um ex presidente na época em que ainda éramos uma República.
Como o mundo mudou! Como as coisas evoluíram! Como a física, a medicina, a tecnologia espacial, a ciência farmacêutica, os avanços na produção de alimentos e os meios de transporte mudaram o mundo nessas últimas quatro décadas.
Cirurgias robóticas sem anestesia, fármacos inteligentes que curam muitas formas de cânceres, exames por imagem sem uso de elementos radioativos, alimentos em forma de cápsulas, teletransporte humano, viagens espaciais para colônias na lua, oitenta por cento da energia consumida no planeta de forma sustentável e sem danos ao meio ambiente, entre tantos avanços.
A Amazônia se transformou no maior celeiro mundial de produção de alimentos entre proteína animal e grãos. Novas e gigantescas jazidas de petróleo e minerais estratégicos foram descobertos na nossa região que, embora dividida em mais estados, produz riquezas, ajuda no crescimento do país e ainda assim preserva uma parcela enorme da floresta cuja soberania nacional sobre ela, cada vez mais fica patente em meio à comunidade científica e política mundiais que outrora faziam injunções e olhares atravessados sobre esse patrimônio dos brasileiros.
Hoje, em pleno ano de 2058, posso dizer tranquilo que finalmente a paz no oriente médio é a mais promissora realidade com a devolução da imensa maioria dos territórios palestinos ao povo árabe ainda que separados pelo muro da Paz como se chama aquele que separa as nações árabes e israelenses. Quanto essas populações sofreram desde que foi criado o Estado de Israel em 1948 portanto há 110anos relegando o povo palestino a viver como nômades em suas próprias terras lá atrás igualmente destinadas a eles pelo Criador como está escrito na Bíblia.
Não poderia deixar de citar a quantas andam os Estados Unidos da América agora, atuando em segundo plano na nova ordem econômica e bélica mundial. Os EUA ainda dão as cartas quando o assunto é corrida espacial e ciências da saúde mas perderam a hegemonia no xadrez da geopolítica mundial contentando-se em ainda manter gravitando em torno de si alguns governos da Europa e da América do Sul mas tão somente como parceiros econômicos, exportadores de commodities, alguns bens de consumo e alimentos.
Não poderia deixar de falar que a igreja católica após um longo período de disputas e desavenças internas e com outros ramos ortodoxos do oriente e da Rússia, finalmente encontrou o equilíbrio tão buscado e desejado. Nesse período, teve à sua frente ao menos dois papas e hoje é chefiada pelo Papa Bento XVII de origem africana, um homem extremamente sábio, de estatura moral e humanista elevadas que tem buscado especialmente combater as doutrinações e postulados contrários à vida e a favor da paz e da aproximação entre as igrejas. A religião católica já não é mais a maior religião cristã do planeta tendo perdido essa condição para as inúmeras vertentes denominacionais protestantes as quais dominam a Europa e os Estados Unidos da América majoritariamente.
Pra encerrar essa viagem no tempo, longo tempo, encerro com uma lição a ser seguida por todos quantos dominam o conhecimento técnico ou científico, os que honram os cargos e funções, aqueles que têm ascendência cultural e poder sobre a informação e finalmente os que detém poder político e financeiro: Lembrem-se que o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido. Jamais permitam que disputas políticas, desavenças partidárias e diferenças pessoais, interfiram ou dificultem que o bem mais caro do ser humano que é a saúde, esteja em alta, nem deixe de alcançar quem dela está necessitada e, nunca deixem, que tragédias como essa pandemia causada pelo novo coronavírus enlutem e marquem indelevelmente a vida das famílias especialmente das mais pobres.
Té logo!