Lava a jato: Sei não!

Por Ronaldo Amazonas*

No fervilhar de assuntos que permearam a vida política nacional nas últimas semanas não há colunista que como eu mantenha-se alheio a tantos fatos graves envolvendo mais e mais gente graúda nessa operação que tem desnudado cada vez mais o cenário político brasileiro.

Entretanto, no meu sincero e antenado ponto de vista, o que mais me chama a atenção é a atuação no mínimo estranha e fora da curva de membros da Procuradoria Geral da República, da Polícia Federal e do STF os quais de forma orquestrada e quase simétrica, adotaram decisões ou se manifestaram publicamente acerca da mais bombástica das delações até aqui firmadas envolvendo empresários, as quais colocam em risco a continuidade desse processo que teima em abrir as feridas da corrupção e estancar a roubalheira perpetrada contra os cofres públicos ou enfraquecer os pilares da democracia.

De um lado a PGR firma um gracioso acordo de delação premiada com um empresário notoriamente enredado em falcatruas e negociatas com políticos e que há anos vem ampliando seu patrimônio às custas de estranhos e vultuosos empréstimos sacados de bancos oficiais. Há que se destacar que um membro do parquet mantinha relações de negócios com esse empresário e inclusive está preso.

De outro lado, parece que uma delegada da PF participou diretamente de um treinamento em que o empresário foi ajudado a como melhor se sair nas armações que o levaram a gravar a figura até aqui mais emblemática em toda a trajetória dessa grandiosa operação qual seja o próprio Presidente da República.

Por fim, assistimos mais do que nunca a manifestação de Ministros do STF aqui e ali emitindo opiniões, sugerindo caminhos e até propondo saídas antes mesmo de que o caso seja julgado no plenário da suprema corte.

No cerne das minhas observações está o perigo que essas atuações, manifestações e decisões podem levar ao enterro solene e sombrio da lava a jato numa clara e combinada armação para que uma gigantesca pizza esteja sendo assada ora para absolver os culpados, ora para estancar a continuidade da operação, ora para suavizar as penalidades a serem impostas aos envolvidos.

Sinceramente, vejo que minhas esperanças de que didática e exemplarmente todos os corruptos e os corruptores sejam julgados e condenados se esvaem na medida em que a atuação ora subterrânea ora explícita de certas figuras e poderes cada vez ganham espaço ferindo de morte o destino dessa operação.

Sei não!

Té logo!

*O autor é farmacêutico e empresário

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