Por Ronaldo Derzy Amazonas*
Tudo o que eu me lembro aos seis anos de idade do dia 31 de março de 1964 quando o Brasil acordou sob o domínio da ditadura militar é da presença de soldados do exército, de uma barraca verde oliva e de fuzis em formato de pirâmide montados sobre o chão na esquina do grupo escolar onde estudava. Pra mim em tão tenra idade, esse cenário não fazia a menor diferença aliás, era motivo apenas de curiosidade.
Decorridos mais de cinquenta anos desse triste episódio e demorado período nebuloso da vida política, institucional e social do nosso país percebo que quase nada evoluiu. Saíram os homens fardados e entraram os engravatados; as armas foram recolhidas e as canetas com mais poder que as armas assumiram o protagonismo deletério pra dizer a verdade.
Povoa o meu pensamento convencer a mim mesmo e, em certos momentos tentar incutir na mente de alguém que há que se aguardar, há que se dar tempo ao tempo pois a democracia, a maturidade política de uma nação, a formação de um caráter mais honesto e consciente dos políticos demoram mesmo; que outros países politicamente mais sólidos e socialmente mais justos demandaram séculos para alcançarem o quase ápice e continuam a crescer rumo a uma democracia ideal quase inatingível.
Vejo que tudo é muito difícil!; percebo que as coisas não andam como esperamos ou queremos; noto que entre avanços e recuos a última opção anda ganhando de braçada.
O que de verdadeiro há em todo esse quadro de decepções e de negações protagonizadas pela classe política brasileira, é que toda e qualquer elite seja ela empresarial, de classe, profissional, política, esportiva, social ou institucional entre outras, é danosa, é retrógrada, é inconsequente, é egoísta e burra ao mesmo tempo.
Não existe sentimento de preocupação sincera especialmente das elites políticas posto que estando no cume do poder decisório, estas determinam os rumos e a vida de quem está na base e, o pensamento e as decisões adotadas invariavelmente são apenas para manter a hegemonia, lucrar sobre o miséria, sustentar posições alcançadas e perpetuar o poder conquistado de maneira quase sempre escusa.
Esse meio século decorrido pouca coisa ou quase nada alterou pra melhor na economia, na saúde, na educação, na infraestrutura e na vida social da grande maioria do povo brasileiro esse forte, que continua sendo enganado, esmagado, roubado e sofrendo os dramas pessoais e coletivos por conta de uma elite política interesseira e irresponsável às vezes genocida.
Quantos anos ou décadas ainda faltam para alcançarmos a maturidade política?
Quantas reformas verdadeiras e justas precisam ser realizadas para que o país avance de forma crescente e segura rumo ao progresso?
Até quando o povo brasileiro irá apenas observar contemplativamente sem reagir a todo esse descalabro de violência, maracutaias, desmandos e corrupção sistêmica que corrói o erário público e destrói o bem estar e a liberdade de um povo pacífico e trabalhador?
O que se assiste é um governo atabalhoado, inerte e refém de um parlamento sedento de mais poder e inundado na lama fétida da corrupção. O que vemos e sentimos é um poder judiciário, em todas as suas instâncias, descolado dos nobres sentimentos de servidão ao cidadão e cercado de mordomias e vantagens pecuniárias conquistadas às custas de conchavos com os demais poderes constituídos. O que se percebe é o avanço dos maus feitos e da ganância da elite política e judiciária nacionais em detrimento das nobres e urgentes causas de um povo sofrido e abandonado que clama por saúde, educação, segurança, salários justos e infraestrutura adequada as suas necessidades.
Sinceramente não sei se a nossa gente suportará mais cinquenta anos de ditadura dos políticos sanguessugas. Não me acorre que o eleitor brasileiro aguentará mais cinquenta anos de falta de uma justiça justa e eficiente. Não me convence que esperaremos por mais tanto tempo em que governantes ladrões se sustentarão no poder e continuarão a infelicitar e escravizar uma nação trabalhadora e de paz.
Tá na hora da verdadeira revolução! Já está ficando tarde para uma reação proporcional ao tamanho do sofrimento e da dignidade da nossa gente!
Essa revolução tem nome, data e espaço pra ocorrer. Ela se chama voto! E é por meio do voto a mais potente arma que o cidadão brasileiro possui que haveremos de guerrear pela busca de um país mais sério, de uma política mais sóbria, de uma sociedade mais justa e de uma nação mais soberana e feliz.
Use e abuse do direito de votar porém, votar sério que aí assistiremos o país avançar rumo ao crescimento econômico, social e político, vontade de todo cidadão e cidadã de bem deste país e necessidade premente de qualquer nação que se queira reconhecer como potência.
Té logo!
*O autor é farmacêutico, empresário e líder do Movimento dos Servidores da Saúde
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