Braga embolou o jogo eleitoral em Manaus. De agora até sexta tudo pode acontecer

Eduardo-Braga (1)

Até o início da semana passada o senador Omar Aziz dominava o tabuleiro eleitoral no Estado. Ele passou junho e julho articulando na capital e no interior e parecia seguro de que tinha feito tudo certinho para sair forte da eleição de outubro, rumo ao seu retorno ao governo em 2018. Eduardo Braga parecia carta fora do baralho. Seus aliados, atônitos, não entendiam seu aparente desinteresse pelas costuras. Alguns debandavam em direção ao grupo do poder. A partir de terça passada, quando ele desembarcou das férias em Manaus, tudo mudou radicalmente.

Na realidade, Braga observava tudo de longe, esperando a hora certa de agir. Como não tinha a chave de nenhum cofre, precisava ser certeiro na ação decisiva. E foi. Tão logo entrou no jogo, ele se disse disposto a conversar com todas as correntes políticas. Em dois dias, montou o jogo todo no interior e passou a se dedicar à capital.

A senha para que ele embolasse o jogo sucessório foi dada pelo próprio Omar Aziz na convenção do PSD, no sábado retrasado. Em seu discurso, o senador afirmou que o partido apoiaria Arthur Neto, mas fez questão de ressaltar que tinha outros amigos candidatos a prefeito. A seu lado, o tucano franziu a testa. Não gostou do que ouviu. Estava tudo certo para que ele anunciasse, naquele momento, o nome do deputado Josué Neto como vice em sua chapa, mas a fala de Aziz fez com que o anúncio não ocorresse, causando estranheza entre os integrantes da coligação.

Arthur passou a semana passada inteira engolindo seco as articulações de Omar. No sábado, mais um golpe. O anúncio do coronel Amadeu Soares como vice do deputado Silas Câmara deixava clara a influência do senador na chapa. O prefeito percebeu ainda a adesão de membros da equipe do governo estadual à campanha do ex-deputado Marcelo Ramos, mostrando mais uma vez o dedo de Omar em outra chapa.

Ao contrário do que se esperava, nenhuma das mexidas foi combinada com Arthur, mas Omar espalhava que se tratava de uma estratégia para impedir que a oposição chegasse ao segundo turno. Só que, entre os tucanos, havia a desconfiança de que o grupo ligado ao senador estava espalhando seu apoio por temer que o prefeito não tivesse fôlego para vencer a eleição. Outra cisma era a de que o ex-governador trabalhava para enfraquecer Arthur, a fim de que ele sequer pensasse em sair candidato ao governo em 2018.

Havia um nítido constrangimento no ninho tucano e Braga percebeu isso. Analisando a conjuntura nacional, ele havia constatado que o alinhamento do PSDB com o PMDB poderia lhe trazer problemas no futuro, se a rivalidade com Arthur persistisse no Amazonas. Era hora de se aproximar.

Antes de procurar o tucano, Braga tratou de acalmar os aliados. Conversou com Hissa Abrahão, que vinha sendo pressionado a desistir da campanha, acalentou Marcos Rotta e acenou para Conceição Sampaio. Foi então que começou o périplo na direção dos adversários. Primeiro, encontrou-se com Alfredo Nascimento, patrono da candidatura de Marcelo Ramos, no último sábado. Depois veio o lance mais marcante. Na segunda à noite foi ao encontro de Arthur.

Na conversa, os dois perceberam algumas conveniências, caso Marcos Rotta se tornasse vice na chapa do prefeito. Eles teriam o maior tempo de TV, o problema de Arthur na periferia estaria contornado e a articulação das duas lideranças em nível nacional sairia extremamente fortalecida. Isso sem contar que, em 2018, multiplicariam-se as alternativas de ambos. Qualquer um deles poderia sair ao governo ou ao Senado. De quebra,  a aliança livraria o candidato à reeleição de vez da enorme rejeição do governador José Melo. E se Braga assumisse o governo estadual, os dois controlariam as duas maiores máquinas do Estado, mudando o eixo do poder.

Na manhã de ontem, Arthur enfim desabafou com Omar, via whatsapp. Disse tudo o que estava entalado em sua garganta. Hoje pela manhã, o senador foi à rádio Tiradentes e selou o rompimento.

Neste momento a construção das das alianças mudou completamente. Omar avalia sair candidato a prefeito contra Arthur, mas teme que uma derrota acabe com suas chances de voltar ao governo em 2018. A tendência é que se aproxime de Marcelo Ramos, que seria o candidato com mais chances de chegar ao segundo turno.

Braga conseguiu o que queria. Em menos de uma semana desfez tudo o que Omar havia armado em dois meses. Resta agora saber como reagirá o único dos grandes atores que ainda não entrou em cena: o governador José Melo. Calado até aqui e permitindo que seu parceiro assumisse o protagonismo, ele terá que dizer que rumo tomará a máquina que controla. Sem ela, o poder de fogo do grupo passa a ser reduzidíssimo e algumas desistências podem acabar acontecendo.

Estes três dias até o prazo final para a realização das Convenções serão pra lá de quentes.

 

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Este post tem 11 comentários

  1. Cawboy

    Demostração de Poder e Humildade posso ver entre Arthur e Braga com esse gesto de ambos, pois no cenário nacional em uma crise sem precedentes e que no momento atual o melhor é deixar de lado diferenças políticas e unir todos em um projeto de forte, para beneficiar o povo que nesse momento sofre com a crise, mais creio eu que com essa união PMDB/PSDB dias melhores havemos de ter, pois no cenário nacional a economia embora em passos de tartaruga começou a se recuperar com essa dobradinha nós Manauaras sem sombra de dúvidas sairemos fortalecidos dessa crise. Sou 45 sim e serei 15 sempre.
    #OrgulhoDeSerAmazonense

  2. Henrique Almeida

    Acha bonito defender esse tipo de postura? Isso não é nada republicano: de nenhum dos lados

  3. jefferson alexandre

    Vc esta corretissimo amigo belissima reportagem.

  4. Amanda

    O Arthur passou recibo de oportunista e o tiro vai sair pela culatra. Eduardo ta queimado, nome envolvildo na Lava Jato, vem de uma derrota na eleição de 2014 e uma passagem pifia pelo Ministerio da Dilma, não vai agregar e sim abrir as portas pro Henrique ou Marcelo

    1. Hiel levy

      Hissa não?

      1. fernando

        E o Omar? Esse que é ta mesmo envolvido

  5. Angela

    Só falta uma coisa: Combinar com a população. Hoje quando saio na porta da minha casa vejo uma rua cheia de buraco e totalmente escura. Quando ando no bairro a situação fica preta. São ruas esburacadas, parada de ônibus cheia de gente pegando sol e chuva e ônibus que são um verdadeiro cacareco. Trânsito totalmente congestionado. Ou seja a cidade está um caos e as únicas obras que fizeram foi a faixa da morte aonde já morreram mais de 20 atropelados. E o município totalmente endividado com empréstimos estrangeiros. A prefeitura publicou nestes últimos 4 anos diversas leis e decretos concedendo isenções e redução de impostos indo totalmente contrário à lei de responsabilidade fiscal. E cadê o Plano de Mobilidade Urbana??? Será que eles ainda acham que os Manauaras são tapados e burros?? Vamos ver o resultado quando terminar a eleição. Este será o segundo prefeito que não irá ser reeleito.

  6. Fernando

    Esse Omar acha que é o dono do Amazonas. Estava por baixo dos panos ajudando os demais candidatos e achou que o Artur não estava sabendo. Tem que aprender muito, ganso. Perdeu a Prefeitura e logo logo perde o Estado pq o melo vai cair e o Dudu vai vir com sangue nos olhos para a reeleição e humilhar você. Vai ter o destino igual ao do Alfredo. Ser rebaixado aos poucos. Vc é o Melo tiraram o Governo do Eduardo com vasta derrama de dinheiro(quem decide foi a justiça eleitoral), está pegando o troco agora! Lembre-se, a politica é como uma roda gigante, um dia vc esta la em cima e outro lá embaixo.

  7. Observador

    Sr. Editor Sósia do Manoel Ribeiro, quem embolou o jogo eleitoral em manaus? O sr. cadeirudo ou “é uma imposição das nacionais (PSDB e PMDB). Pois é isso que vão dizer, tentando justificar o injustificável! Será e pode isso mesmo “arnaldo”.

    1. Hiel levy

      Morri de rir dessa do Manoel Ribeiro. Tô velho mesmo, heim?

  8. Rui Lins

    Não dá mais pra aguentar esse sem-voto do Omar e sua trupe (irmãos). Pensa que manda no Amazonas. Perdeu! Vai arrumar um laranja pra pegar coro. Mas o laranja vai se prestar a esse papel pra embolsar uns tostões e trocar de apartamento e outras coisas mais, como fez na eleicao pra governador.

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