A Liga Independente das Escolas de Samba do Amazonas (LIESA-AM) realizou, na manhã desta quinta-feira (18/12), uma coletiva de imprensa marcada por denúncias contra a condução do Carnaval de Manaus 2026. Segundo a entidade, a soma de atrasos, falta de planejamento, imposições administrativas e interferência política coloca em risco real a realização dos desfiles, previstos para o dia 14 de fevereiro. Ocorre que a “denúncia” só foi apoiada por quatro das oito escolas de samba do Grupo Especial – Aparecida, A Grande Família, Andanças de Ciganos e Vitória Régia. As demais estão na oposição deste movimento desde o final do desfile do ano passado.
Os dirigentes afirmaram que todas as tentativas de diálogo com a Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (SEC) fracassaram, criando um cenário que classificam como caótico e irresponsável.
A LIESA-AM denunciou a inexistência de um cronograma oficial, a não realização da escolha da Corte do Carnaval e a tentativa de imposição de um regulamento feito de forma unilateral, sem debate e com exigência de assinatura imediata por parte dos presidentes das escolas.
Para o presidente da LIESA-AM, Roberto Simonetti, a situação demonstra despreparo e desrespeito institucional. “O que estamos vendo é um Carnaval sendo empurrado para o abismo. Não existe organização, não existe diálogo e não existe responsabilidade com quem trabalha o ano inteiro para colocar esse espetáculo na avenida. As escolas não vão assinar regulamento imposto. Não aceitaremos decisões autoritárias que desmontam o Carnaval de Manaus.”
Ocorre que as demais escolas acusam Simonetti de ser o verdadeiro responsável pela situação atual do Carnaval. No ano passado eles o acusaram de interferência política na escolha dos jurados que consagraram o desfile da Aparecida em homenagem a um político. Desde então, ele não consegue mais unir as agremiações e é extremamente contestado.
“Quando o poder público interfere na regra do jogo e na escolha de jurados, o concurso deixa de ser técnico e passa a ser político. Isso destrói a credibilidade do Carnaval e afasta quem ainda acredita na seriedade do desfile”, diz ele, ignorando o que ocorreu no ano passado.
O presidente da Escola de Samba A Grande Família, Cleildo Barroso, o Caçula, adotou um tom ainda mais incisivo ao tratar da questão do regulamento.
“Se o regulamento apresentado pela SEC fosse bom para todas as escolas, é claro que os presidentes iriam assinar. A partir do momento que ele condiciona o acesso a parte do repasse mediante assinatura do regulamento, alguma coisa tá errada. Cada presidente quer o melhor pra sua escola, mas também queremos o melhor pro Carnaval”, declarou.
Já o presidente da Andanças de Ciganos, Vilson Benayon, afirmou que a situação atual inviabiliza qualquer planejamento, a abre precedentes para manipulação de resultados, exatamente o que ocorreu este ano, sem a contestação dele.
“Interferência política em julgamento é fraude moral. Não existe outro nome. Se jurado é escolhido por conveniência política, o resultado já vem decidido antes da escola entrar na avenida. Nenhuma agremiação séria pode aceitar esse tipo de prática”, acrescentou, mais uma vez ignorando o que aconteceu em fevereiro.
Durante a coletiva, os dirigentes reforçaram que os impactos vão muito além das escolas, atingindo diretamente artistas, costureiras, aderecistas, ferreiros, músicos, coreógrafos e técnicos, além de causar prejuízos às comunidades e à economia criativa de Manaus.
O presidente Duda Pacheco e o vice-presidente da Vitória Régia, Laércio Sampaio, também se posicionaram em defesa de medidas imediatas e do respeito às escolas, destacando que a continuidade do atual cenário representa um retrocesso histórico para o Carnaval da cidade.
Ao encerrar a coletiva, a LIESA-AM foi taxativa ao afirmar que, sem mudança imediata de postura, retomada do diálogo e garantia de autonomia e transparência, o Carnaval de Manaus 2026 corre sério risco de ser inviabilizado, com consequências irreparáveis para a cultura popular do Amazonas.
As demais escolas entendem que, se a LIESA continuar com esta postura, o Carnaval voltará às suas origens: os bairros aonde funcionam as escolas.
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