Antônio Claro de Souza Almeida. o Tom Claro, nasceu em Gurupá, no Pará, região do Marajó, em 1962. Ainda na infância, mudou-se com os pais para Porto de Santana, no Amapá, onde iniciou seus estudos. Em 1978, após o convite de uma família manauara, transferiu-se para Manaus, cidade onde concluiu o ensino primário. Aqui destacou-se como radialista e como humorista, criando o personagem “Caboco Pávulo”, que fez muito sucesso nas décadas de 90 e 2000. Agora ele acaba de ser consagrado pastor, depois de uma trajetória que incluiu um curso de Teologia no CENESCH – Centro de Estudos do Comportamento Humano, escola da Igreja Católica.

A vida não foi fácil para Tom Claro no início, em Manaus. O convite para cursar teologia partiu do saudoso padre Francisco da Silveira Pinto e se deveu à sua atuação no grupo de jovens Santa Terezinha, da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Antes de concluir o curso, ele chegou a depender da hospitalidade de diversas famílias e precisou sair da casa que o acolhera inicialmente, contra a sua vontade. Para sobreviver, trabalhou em várias áreas: foi office boy em uma loja de importados, vendedor, garçom e até porteiro de prédio.

A chegada ao rádio

Desde pequeno, Antônio já sonhava com o rádio. Costumava ouvir, em um aparelho TransGlobe de um tio, as emissoras de Belém — entre elas, Rádio Clube, Marajoara e Guajará — e se imaginava, um dia, como apresentador. Já em Manaus, participou de um seminário para locutores de rádio e TV promovido pela então TV Baré, ministrado pelo histórico locutor Rosivaldo Ferreira, morto em 2021, durante a pandemia da Covid-19. Embora não tenha sido escolhido naquele momento, manteve-se próximo do meio, frequentando a Rádio Difusora, onde chegou a dormir nos estúdios por não ter moradia fixa. Lá, conheceu nomes importantes como Paulo Guerra, o saudoso locutor esportivo Carlos Carvalho, Jurandir Vieira e Ormando Barbosa, que lhe deram as primeiras oportunidades de falar ao microfone, ainda que fosse apenas para anunciar a hora certa.

A grande virada veio após um teste na Rádio Tropical, comandada pelo empresário Antônio Malheiros. Foi aprovado e contratado ao lado de Eduardo Silva e Sousa da Mesa de Bar. A partir daí, os horizontes se ampliaram: passou pela Rádio Rio Mar (em duas temporadas), TV Amazonas (também por duas vezes), TV A Crítica e Rádio e TV Aassembleia, consolidando a carreira até a aposentadoria.

O Cabôco Pávulo

Inspirado nos tempos de infância, quando ouvia o programa O Regatão, apresentado por Jacy Duarte na Rádio Clube de Belém — onde o famoso “caboquês” era destaque —, Antônio criou o personagem Cabôco Pávulo. A ideia ganhou força no programa de Chico Hélio, na rádio a Crítica, e o personagem rapidamente caiu no gosto popular. Sob o nome artístico Tom Claro, dado por seu amigo Ormando Barbosa ainda nos tempos de aprendiz na Difusora, o humorista conquistou espaço na televisão, no teatro e até em apresentações internacionais, como no Peru. Participou do 5º Festival de Piadas do Tom Cavalcante, na TV Record, consolidando-se como uma figura marcante do humor regional.

A conversão

Sua conversão ao Evangelho aconteceu em meio à dor — como costuma dizer quem não vai “pelo amor”. Em uma fase de intensa atividade profissional, entre faculdade de Comunicação, shows e programas de rádio e TV, Antônio começou a sofrer com crises de ansiedade. Sentia-se esgotado e distante de Deus. Aos poucos, pessoas desconhecidas começaram a cruzar seu caminho e o convidavam para ir à igreja. Em 2004, ele finalmente entregou sua vida a Cristo. Desde então, mesmo enfrentando dificuldades — pois a fé não elimina os problemas —, nunca mais se afastou de Jesus. “Somente Ele oferece a verdadeira paz e a promessa da vida eterna”, argumenta.

A consagração

Agora, Tom Claro inicia uma nova fase em sua vida, aos 63 anos de vida. No último domingo, dia 26, ele foi consagrado pastor pelo Ministério Igreja Missionária Jesus é Vida, em cerimônia realizada no templo da Igreja Batista Missionária de Manaus, com a imposição de mãos dos pastores Bruno Mendes e Marivaldo França.

“Vou continuar aceitando convites para trabalhar como radialista, que é o meu ofício, mas agora meu foco também é levar almas a Cristo”, diz ele, que aposentou o Caboco Pávulo e os tempos de catolicismo para devotar a vida ao protestantismo.

Há mais de dois anos Tom Claro começou a escrever e distribuir mensagens bíblicas. Convidado pelo blog a publicar estes textos, aceitou e escreve sempre às quintas-feiras.