Com Omar, David e Tadeu; sem Wilson: os bastidores da passagem de Lula por Manaus

A agenda do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) ontem em Manaus teve um caráter internacional, já que o principal evento foi a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), que contou com a presença de autoridades estrangeiras, mas os bastidores revelaram as estratégias que os principais agentes políticos locais pretendem adotar nas eleições de 2026. As ausências foram tão notadas quanto as presenças.

Quem mais esteve perto do presidente durante a agenda foi o senador Omar Aziz (PSD), que hoje é o político local mais próximo do líder petista. Seu colega Eduardo Braga (MDB), também aliado do Governo Federal, não compareceu, mas telefonou na véspera a Lula para justificar a ausência, dizendo que precisava entregar o texto final da reforma tributária ao Senado. Não faltou, entretanto, que desconfiasse da intenção do parlamentar de construir uma candidatura à reeleição mais independente. Afinal, o PT já anunciou a intenção de lançar o ex-deputado Marcelo Ramos ao Senado. Este, aliás, marcou presença ontem.

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) e o vice-governador, Tadeu de Souza, seu correligionário, compareceram aos eventos, deixando claro que também pretendem construir uma trajetória mais ao Centro, já que sempre flertaram com setores da direita. “Com a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia e a entrega da Infovia 04, Manaus dá um passo histórico. De um lado, reforçamos a segurança pública com mais inteligência e integração no combate aos crimes que afetam nossa região. De outro, ampliamos a conectividade, levando internet de qualidade que vai transformar a educação, a saúde e os serviços públicos. São iniciativas que colocam nossa cidade em posição estratégica, promovendo desenvolvimento, inclusão e qualidade de vida para a população”, afirmou David.

Como já era esperado, o governador Wilson Lima “fugiu” de Lula. Ele tenta construir uma candidatura ao Senado pela direita, já se declarou bolsonarista e ontem montou uma agenda em Canutama, no Sul do Amazonas, bem longe da capital, mas justificar sua ausência. Também não anunciou o vice como seu representante, quebrando o protocolo institucional.

A direita, aliás, não perdeu a chance de “cutucar” Lula em sua passagem por Manaus. A empresária Maria do Carmo Seffair (PL), por exemplo, que não tem perdido chance para se mostrar bolsonarista e anti-PT, postou crítica em seu perfil no X, dizendo que o presidente fugiu do assunto BR-319 e atacando a privatização da hidrovia do rio Madeira.

Só que, na verdade, Lula não fugiu do assunto BR-319. Em entrevista à TV Amazonas, afiliada local da Rede Globo, ele disse que a estrada precisa ser feita e que um acordo em torno de sua pavimentação será anunciado nos próximos dias.

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