O mês que tradicionalmente anunciava e iniciava o inverno, nos tempos em que era possível saber-se sobre o clima conforme contado em tradição de nossos avós, é sempre recheado de oportunidades para reflexões que se impõem pelos fatos e circunstâncias históricas e em razão das crises da atualidade.
Ao festejarmos a República, a 15, deve-se retirar o véu que cobre o golpe militar perpetrado na ocasião, não só impondo a queda do Gabinete, mas também o exílio da Família Imperial e a mudança de governo, ainda que vários monarquistas e republicanos indecisos tenham se aproveitado para permanecer com influência política e econômica. Impõe-se refletirmos sobre a trajetória da República e seus percalços, e, sobretudo, a respeito do que podemos fazer na solução dos problemas que nos afligem, sobretudo os nada republicanos.
Segue-se o dia da Bandeira Nacional, a 19, símbolo auriverde e pendão da esperança, como aprendíamos na escola, e pensarmos que, feita por uma mulher – a esposa de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, o chefe militar que comandou as ações e decisões da época, sem tropas -, pensarmos que ainda discriminamos as mulheres e para que esse símbolo seja honrado, exige-se conduta digna de brasilidade verdadeira, exercício permanente da cidadania e proteção dos verdadeiros interesses nacionais, comportamento que, no nosso caso, deve ser ampliado para a completa integração da Amazônia ao Brasil, o que se fará somente com a consolidação do desenvolvimento local e a quebra das disparidades regionais.
Logo depois, a 20, a data assinalada para reflexões sobre o país moreno que somos. A ocasião de compreendermos que não basta sabermos que somos nação multicultural e multirracial, mas de atuarmos para levarmos as elites políticas, econômicas e sociais a cederem de vez as resistências históricas que nos impõem, unicamente, uma cultura europeia e branca, quando temos o privilégio – isso sim, o privilégio – de ostentar que somos vários “brasis”, faltando que a todos os brasileiros seja permitido acesso igual às oportunidades de realização pessoal, profissional e de organização da vida. Seremos mais brasileiros quando isso se fizer em magnitude.
Um fato bem amazonense costuma passar em brancas nuvens e não mais deve ser olvidado: a adesão do então Rio Negro à independência do Brasil, o que se registrou formalmente em 22 de novembro de 1823, ou seja, mais de dois anos e dois meses após a data em que se considera ter havido o ato final do rompimento dos laços políticos e de subordinação do Brasil com Portugal. A notícia do feito chegou ao porto da Barra por navio vindo de Belém, em 9 de novembro, após a rendição da capital paraense e os embates intestinos ali travados por forças favoráveis e contrárias à separação dos lusos.
Há quem aposte que os rio-negrenses desejavam essa separação, assim como há os que preferem assinalar que o desejo local era de se separar do Pará, aspiração que vinha de longe, mas que somente se consumou em 5 de setembro de1850 com a Lei de autonomia e se confirmou em 1.º de janeiro de1852 com a posse do primeiro presidente da província do Amazonas.
Não custa nada tirarmos algum tempo do nosso agitado cotidiano para refletirmos um pouco sobre essas importantes questões em confronto com a atualidade.
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