O que é mais importante: a vida das pessoas ou o bom funcionamento da economia do país? Essa é uma questão que está em discussão durante a pandemia do coronavírus.
A doença do Covid 19 atinge o mundo inteiro. Todos os países são afetados, ricos ou pobres. Todos tomando medidas de redução de circulação das pessoas e fazendo o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está recomendando, que é o distanciamento e isolamento social.
São medidas que obrigam as pessoas a ficarem em casa e as atividades econômicas pararem. É o caso do fechamento das indústrias, dos comércio e serviços em todas as cidades, salvo serviços essenciais.
E isso afeta a economia e a arrecadação pública. Daí a defesa de certos grupos de empresários e, até mesmo, do presidente Bolsonaro, para que não se afete a economia.
Ora, o que precisa ser defendido é a vida. A doença é implacável, atinge a todos. Os idosos e as pessoas com alguma doença ou problemas de saúde são as mais vulneráveis. Mas os dados estão mostrando mortes de pessoas de qualquer idade.
Como tem serviços essenciais como a área da saúde, alimentação, abastecimento e parte do transporte, os trabalhadores precisam de proteção. Está faltando EPIs em muitas unidades de saúde e muitos estão se contaminando.
O problema maior é que o sistema de saúde não está preparado. Na hora do pico da contaminação não terá vagas em leitos de UTI e respiradores mecânicos, onde o doente tem que ficar, pelo menos 14 dias. Muitos morrem nesse estado.
Por isso, é urgente a construção de novos espaços com UTI. Estou indicando ao Governo do Amazonas que use a Arena da Amazônia e o Centro de Convenções para atender as vítimas da doença. Cada UTI com cinco leitos custa em torno de R$ 500 mil. Se fosse para instalar 300 leitos seriam necessários R$ 30 milhões. Dinheiro tem. Estou cobrando que o Ministério da Saúde libere logo os quase R$ 90 milhões de emendas dos parlamentares do Amazonas destinadas à área da saúde. Somente as minhas emendas somam R$ 8 milhões.
Para as pessoas que param de trabalhar e as empresas que deixam de funcionar, cabe ao Governo ajudar. Assim está sendo feito por todos os países.
Foi aprovado semana passada, com o meu apoio na Câmara dos Deputados, o projeto para pagar por 6 meses um auxílio no valor entre R$ 600 a R$ 1.200 aos trabalhadores informais, autônomos, ambulantes, catadores de resíduos e pessoas desempregadas. Ontem foi aprovado pelo Senado. E até agora o Bolsonaro não colocou para pagar.
As empresas também precisam de apoio. Eu propus que os bancos oficiais tivessem linhas de crédito especial. O Governo Federal prometeu um pacote de R$ 40 bilhões. Vamos ver se sai.
O PT apresentou projeto para garantir uma renda para os desempregados devido o coronavírus no período em que estiver decretada a calamidade pública e também um projeto para o crédito e apoio às empresas. Esse é o caminho.
Mas a preservação da vida deve ser a prioridade. Daí o absurdo do presidente e seus poucos seguidores questionarem as medidas de isolamento social que o Ministro da Saúde está orientando, além de incentivar as carreatas ilegais de apoio à essa ideia.
É bom lembrar que o prefeito de Milão pediu desculpas, pois no início da pandemia apoiava a campanha para a cidade não parar. Lá já morreram mais de 4 mil pessoas.
Tem panelaço todo dia contra o presidente e a favor da vida.
Sem gente, sem trabalhadores, sem vida, não tem economia. Alguns dizem no popular: “é melhor estar falido que falecido “. No Brasil, são 5.700 contaminados e 201 mortes. No Amazonas, já são 175 pessoas com o vírus e quatro mortes.
Vamos, portanto, cuidar da vida.
*O autor é economista e deputado federal pelo PT
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