Por Ronaldo Derzy Amazonas*
Não bastassem os desmentidos, os recuos, as desautorizações e até mesmo as desavenças com o vice próprias de início de qualquer governo, a última confusão ainda sem desfecho, deu-se agora com um ministro de estado com gabinete colado ao do presidente e potencializada por um dos filhos de Bolsonaro.
A causa principal desse imbroglio que veio à tona após denúncia de um periódico nacional, foi o mau uso do famigerado fundo partidário por parte de um diretório estadual do partido do presidente e do ministro acusado como se o fato fosse inédito e como se o ministro fosse realmente culpado pela má aplicação dos recursos tendo em vista a autonomia dos diretórios na escolha e no financiamento das candidaturas locais.
Não estou aqui cantando inocência ou antecipando culpas de quem quer que seja até porque sou visceralmente contra o uso de grana pública em mãos de partidos e de candidatos os quais têm obrigação de se auto sustentar se quiserem sobreviver politicamente. Sou a favor do surgimento e da legalização das candidaturas avulsas como forma de se romper com esse modelo falido de partidos que mais parecem facções criminosas e não agremiações políticas decentes.
O que me causa espanto são as reações desproporcionais do presidente e mais gravemente ainda de um dos filhos deste que ao se insurgirem contra o ministro por meio de redes sociais, entrevistas e posicionamentos públicos, acabaram por expor as vísceras do governo numa atitude, além de reprovável, absolutamente desnecessária como se algo de mais grave estivesse sido escondido ou que o presidente estivesse apenas aguardando uma desculpa qualquer para forçar a demissão do ex presidente do seu partido.
O cada vez mais visível e sentido envolvimento dos filhos do presidente em assuntos palacianos ou até mesmo a protagonização de escândalos pessoais como no caso do filho senador, expõem uma forma preocupante e comprometedora da mistura de demandas familiares com assuntos de estado num perigoso mergulho governamental num mar sem volta de intrigas e futricas as quais podem minar a já frágil credibilidade governamental momento em que devem chegar ao parlamento federal as propostas de reformas constitucionais tão necessárias ao país como a da previdência por exemplo.
Ou o presidente põe um basta na sua turma dando umas palmadas nos filhotes mais exaltados ou poderemos atravessar mares revoltos de incertezas e insegurança políticas. Oremos!
Té logo!
*O autor é farmacêutico bioquímico e diretor-presidente da Fundação Hospital Alfredo da Matta
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