Por Ronaldo Derzy Amazonas*
De todas as frases cunhadas pelo poeta Mário Quintana uma me desperta um sentimento de pura tranquilidade e de paz de espírito:
“Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!”
Fiz uma pequena adaptação na frase trazendo-a para o plural porém, guardando a essência do pensamento quintaniano mordaz, contudo, inocente.
Há gente por aí que se acha a última bolacha do pacote ou encarna um poder soberano que não possui e que logo logo vai passar.
Outro dia, um agente púbico e rico empresário do ramo da saúde disse, a respeito do inconformismo de alguns sindicalistas com um possível consenso numa rodada de negociação que: “O Estado vai usar de todo o seu poder sobre quem ousar atrapalhar a gestão”.
Entre olhares de espanto e bocas abertas dos presentes, preferi recolher-me à minha ignorância pois, sinceramente pensei, que o tempo do czarismo já tinha acabado. Mas é assim mesmo, vida que segue. “Eles passarão…eu passarinho! Eles grandões…eu pequenino! Eles transitarão…eu continuo!
Nessa mesma linha de raciocínio transitando entre os que mandam e os que obedecem, o governo mandou vetar uma emenda em um projeto de lei que melhorava e muito a vida dos servidores da saúde pois apenas encurtava de três para um ano o pagamento de reajuste salarial represado há quase cinco anos e, pasmem os leitores, um índice de míseros 4%!
Um veto inócuo, raivoso, persecutório e dispensável, posto que será clamorosamente derrubado caso os deputados da ALEAM mantenham a palavra para com os servidores e sustentem a cláusula pétrea de independência entre os poderes e, ainda que mantido, ano que vem tudo será diferente pois prevalecerá a justiça por sobre a soberba e a arrogância.
Um veto legal mas menor, um veto de fuga e um veto assinado por meio de caneta transversa que, antes de causar perdas para os servidores, lhes dão mais forças e unidade diante das infundadas razões que movem a sua aplicação.
Amanhã, nós continuaremos servidores eles no ostracismo político e administrativo comum aos que imperam nas sombras de um poder efêmero, infértil é anacrônico.
O maior e mais poderoso veto é o veto do povo nas urnas porque: Eles passarão…nós passarinhos!
Té logo!
*O autor é farmacêutico e empresário
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