Centro-esquerda no Amazonas: o erro persiste.

*Por Carlos Santiago

Caciques da política do Amazonas anunciaram a união de partidos e de lideranças denominada de centro-esquerda para disputar as eleições gerais de 2018. A estratégia é antiga e os caciques praticamente são os mesmos. Os resultados das edições anteriores não são nada animadores.

Foi o cientista político italiano Noberto Bobbio (1994) quem melhor definiu o conceito de centro-esquerda numa conjuntura política pós-queda do muro de Berlim e do fim do modelo soviético de sociedade, denominado de socialismo real.

Conceitualmente, a ideologia de centro-esquerda seria uma ação política eleitoral com a união de “doutrinas e movimentos simultaneamente igualitários e libertários, para os quais podemos empregar expressões como socialismo liberal, nela compreendendo todos partidos social-democratas, em que pese as diferentes práxis políticas”.

 Para Bobbio, a diferença entre partidos de centro-esquerda e de centro-direita está relacionada à desigualdade econômica e social. Enquanto a centro-esquerda entende que as desigualdades social e econômica são construções sociais passíveis, portanto, de superações; já a centro-direita acredita que a desigualdade social é fenômeno natural, não sendo possível mudar o rumo natural da sociedade.

Mas, ambas têm algo em comum: a defesa do regime democrático. Diferente da extrema-direita e da extrema-esquerda que negam a democracia como conquista da sociedade.

Pois bem, as coligações de centro-esquerda no Amazonas aconteceram no decorrer das eleições e apresentaram a seguinte configuração quanto ao comando hegemônico: Arthur Neto (19986); Wilson Alecrim (1990); Nonato Oliveira (1994); Eduardo Braga (1988); Alfredo Nascimento (2010); Eduardo Braga (2014). Todos os candidatos eram dissidentes temporais do grupo político que comanda o Estado desde 1982.

Agora, estão buscando lançar o ex-governador interino e atual presidente da Assembleia Legislativa, que tem se colocado como dissidente do atual grupo que manda no Estado há décadas, como candidato de centro-esquerda.

 Então, fica uma pergunta: qual foi o avanço para a sociedade com a formação dessas coligações de centro-esquerda, além de fortalecimento do Arthur Neto, do Alfredo Nascimento, do Eduardo Braga e da manutenção das velhas e cansadas lideranças?

A eleição de uma senadora e de alguns poucos deputados pode ser a resposta, mas é muito pouco depois de décadas insistindo na mesma estratégia.

*O autor é sociólogo, advogado e autor da pesquisa “Reage Amazonas: ideologias e estratégias”. Ufam (1998).