Cidades planejadas, um problema nacional

Por Robson Roberto*

Atualmente um problema bastante discutido entre todos é justamente sobre a mobilidade urbana. Políticos, gestores públicos, formadores de opinião, ONG´s, entidades de classe, o povo em geral e até a torcida do Fluminense, não só  reclamam, mas estão discutindo e preocupados com isso. Discutem o assunto até em mesa de bar, filas, ônibus sem assaltos,  que o caso é sério.

 O MUNDO É MESMO UMA BOLA.

Agora os dois irmãos, o Elefante Branco Vivaldão (Agora Arena, jamais, me nego a chamar assim, só agora)  ficou um brinco e depois da Copa ficou para jogos filantrópicos e “jogaços” da série “F” do campeonato brasileiro ou pro meu Rio Negro golear o Manicoré (e se o Antônio Silva e o Waldir Corrêa voltarem para o Centenário Galo da Praça da Saudade).

E seu irmão Elefante Cinza, o Centro de Convenções (alguém sabe me dizer quantas convenções temos em Manaus por ano) também ficou bonito, mas e depois? Vamos juntos começar a pensar em algo pra ocupar aquele espaço. Até agora praticamente sem uso. Só despesas pro estado enquanto as filas nos hospitais aumentam. Há tive uma ideia maluca, porque não transformar aquilo num novo hospital?..;. Mais isso já outra história.

Você aí deve tá agora pensando? Mas que cara chato só reclama, será que ele não viu que a Copa em Manaus  foi boa pra nós? Gerou emprego, renda, qualificou as pessoas e blá, blá, blá? Eu alguma vez disse que foi ruim? A questão que levanto é o legado que deveria ficar e não ficou, ou ficou? 

Vamos conferir juntos amigo leitor? Me ajudem.

Novas Avenidas? (?) Metrô de Superfície? (?) Taxistas falando inglês, espanhol? (?), restaurantes e lojas, atendendo melhor, hotéis lotados, muita gente trabalhando durante os jogos e de novo blá, blá, blá. Foi tudo lindo, uma maravilha. E depois, 10 dias que o furacão passou? O que ficou?

Os turistas vieram, gostaram e gastaram e depois foram embora e só voltam novamente se aqui encontrarem uma cidade limpa, com calçadas desobstruídas, transito fluindo (Com semáforos inteligentes, medida simples usada nas maiores cidades do Brasil) Tarumã limpo, Centro da Cidade todo reformado, aí ele volta e gasta mais nas suas férias e nossa gente passa a viver melhor sempre e não só por 10 dias, como aconteceu, como se fosse uma micareta futebolística. E claro a conta pra pagar depois pro BNDES por 20 anos.

O Prefeito Arthur, sempre em parceria com o então Governador, Omar e o Governo Federal, não mediram esforços para mudar esse quadro, sou convicto disso. Mas ficou só na minha convicção.

A nova Manaus que sonhamos  não é só pro agora, será pros próximos 150 anos, dos nossos filhos e netos, afinal depois de certa idade é pra eles que vivemos, estou mentindo? Sei de belos Projetos que nossos governantes e suas equipes querem implantar, pois Mobilidade Urbana e Sustentabilidade não é só isso e graças a Deus eles sabem disso e vão fazer, querem sonhar comigo? Vamos lá.

Precisamos sair da mesmice de tapa buracos e mutirão de limpeza nos bairros.

As Cidades Sustentáveis são aquelas que adotam uma série de práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Geralmente são cidades muito bem planejadas e administradas. Atualmente existem várias cidades no Brasil e no mundo que já adotam práticas sustentáveis. Embora não podemos encontrar uma cidade que seja 100% sustentável, várias delas já praticam ações sustentáveis em diversas áreas.

Principais práticas adotadas pelas Cidades Sustentáveis:

  • Ações efetivas voltadas para a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, visando o combate ao aquecimento global;
  • Medidas que visam à manutenção dos bens naturais comuns;
  • Planejamento e qualidade nos serviços de transporte público, principalmente utilizando fontes de energia limpa;
  • Incentivo e ações de planejamento para o uso de meios de transporte não poluentes como, por exemplo, bicicletas;
  • Ações para melhorar a mobilidade urbana, diminuindo consideravelmente o tráfego de veículos;
  • Promoção de justiça social;
  • Destino adequado para o lixo. Criação de sistemas eficientes voltados para a reciclagem de lixo. Uso de sistema de aterro sanitário para o lixo que não é reciclável;
  • Aplicação de programas educacionais voltados para o desenvolvimento sustentável;
  • Investimentos em educação de qualidade;
  • Planejamento urbano eficiente, principalmente levando em consideração o longo prazo;
  • Favorecimento de uma economia local dinâmica e sustentável;
    • Adoção de práticas voltadas para o consumo consciente da população;
    • Ações que visem o uso racional da água e seu reaproveitamento;
    • Práticas de programas que visem à melhoria da saúde da população, antes dela adoecer. O velho ditado “é melhor prevenir do que remediar”. É mais barato. Grifo meu;
    • Criação de espaços verdes (parques, praças) voltados para o lazer da população;
    • Programas voltados para a arborização das ruas e espaços públicos, através de PPP´s.

Exemplos de Cidades com Práticas Sustentáveis no Brasil:

  •  João Pessoa (PB) – Destaque na proteção de áreas ambientais;
  •  Extrema (MG) – Preservação de áreas protegidas e conservação das águas;
  •  Curitiba (PR) – Planejamento urbano voltado para a sustentabilidade;
  •  Paragominas (PA) – Combate ao desmatamento;
  •  Santana do Paranaíba (SP) – Cooperativa de catadores;
  •  Londrina (PR) – Eficiente programa de coleta seletiva do lixo.

Exemplos de Cidades com práticas Sustentáveis no mundo:

  •  Barcelona (Espanha) – mobilidade urbana e grande uso de energia solar;
  • Copenhague (Dinamarca) – excelente na infraestrutura para o uso de bicicletas;
  •  Freiburg (Alemanha) – programas eficientes voltados para o uso racional de veículos automotores;
  •  Amsterdã (Holanda) – mobilidade urbana;
    •  Viena (Áustria) – prioridade para a compra de produtos ecológicos por parte da prefeitura;
    •  Zaragoza (Espanha) – sistema eficiente voltado para a economia de água;
    •  Thisted (Dinamarca) – 100% de uso de energia sustentável.
Que tal copiarmos? Feio? Feio que nada. Porque não fazermos igual o que deu certo? Se deu certo lá…
Parafraseando Barak Obama “Sim podemos”. Então vamos lá minha gente.

Acreditem tudo isso é possível, vejamos o exemplo do Prosamim, quando todos duvidavam do programa, uma equipe de guerreiros foi lá e fez, mudou parte da cara de uma Cidade que todos davam como perdida urbanisticamente falando e hoje somos uma referência no Brasil e no Mundo e cartão de visita pro BID.

Nós, filhos de Ajuricaba desde  sempre e depois de nossa elevação do estado à categoria de província, em 1850, a antiga  capitania de São José do Rio Negro, como era chamado o Amazonas, deixou de pertencer à Província do Grão Pará e se tornou independente. Aí já são outros 500! Que fazemos o melhor porque somos capazes. É só acreditar, assim como eu acredito.

Amigos leitores, governantes, gestores públicos, políticos. Por favor entendam não escrevo aqui uma crítica. É apenas um alerta, uma dissertação sobre o problema para quem sabe abrir uma discussão em torno do assunto. Por isso e pra isso que escrevemos e o Blog do Hiel existe, para tentarmos contribuir com algo para melhorar nossas vidas.

*O autor é urbanista, empresário e contabilista