Arthur Neto acaba de vencer não apenas Marcelo Ramos. Este era o menor dos obstáculos. A vitória colocou um fim na utilização da máquina do Estado com fins eleitoreiros e um capote na dupla Omar Aziz/José Melo, os principais responsáveis pela derrota do pupilo. Foi acima de tudo a derrota de uma forma dissimulada de fazer política, de um grupo que se coloca como paladino da moralidade, mas na verdade é uma máquina de macular reputações e de torrar dinheiro com marketing, sem retorno para o cidadão.

De uma só vez Arthur derrotou o grupo do poder, o império dos irmãos Câmara (não a Assembleia de Deus, igreja que tem sua história centenária e gloriosa maculada por esta família), a arrogância da Rede Calderaro de Comunicação e de outros grupos de comunicação e uma máfia montada na internet para atacar os desafetos desse pessoal.

Não foi uma vitória pequena. E ela teve as digitais de alguém que nos últimos anos foi vítima de todo este esquema. Alguém que fez muito pelo Estado(os números comprovam isso), mas teve a sua honra atacada da forma mais vil, numa tentativa de diminuir a sua estatura de gestor, o mais competente e determinado que já passou pelo governo estadual: Eduardo Braga. Sua aparição discursando no último programa eleitoral de Arthur foi uma forma de cravar a estratégia que deu certo: quem enfrenta uma eleição de peito aberto ganha mais com o eleitor.

Alguns personagens pequenos hoje na política amazonense ficaram ainda menores. É o caso de Serafim Corrêa, que depois de ser esnobado por Marcelo Ramos quando este trocou o PSB pelo PR, se deu à pachôrra de apoiar quem o esnobou e tentar capitanear uma campanha na qual ele era apenas coadjuvante.

Outros personagens saíram maiores do que entraram no processo. O principal deles é Marcos Rotta. Muitos diziam que trocou o certo pelo duvidoso, quanto decidiu abrir mão de sua própria candidatura para aderir a Arthur. O tempo e o resultado da eleição provaram que fez o certo. Mais do que isso: provaram que sabe recuar um passo para avançar dois. E mostraram um personagem que é capaz de abrir mão da vaidade e do protagonismo pelo resultado final.

O deputado José Ricardo também merece uma referência especial. Ele sai desta eleição como o líder da esquerda no Amazonas. Foi maiúsculo ao não conceder seu apoio a nenhum dos dois concorrentes no segundo turno. Foi coerente com tudo o que pregou no primeiro turno. Teve uma votação belíssima e preferiu ficar com sua verdade, ao invés de agir com o fígado, como seu velho companheiro Francisco Praciano, que preferiu arriscar mais uma vez. E se deu mal de novo!

Arthur mostrou que sabe ler a conjuntura. Fez o movimento certo, na hora certa. Deixou de lado refregas pessoais e mirou no que importava: livrar-se de um grupo perverso e colocar Manaus no eixo.

Não é o caso de fazer projeções para 2018. O negócio agora é dar a Manaus o que ela merece: o BRT, as obras de arte, uma educação cada vez mais adequada e uma saúde que o povo merece. É isso que Arthur deve não apenas a quem votou nele, mas também a quem foi iludido pelo grupo do poder.