Tempos radicais

Por Daniel Melo*

Confesso. Em vinte e três anos de militância social e politica, nunca vi tanto radicalismo, nunca vi tanto emocionalismo sobrepor à razão. Este radicalismo não é só de Esquerda, mas vem de todos os lados, todas as frentes.

Quero aqui dar um exemplo pratico. Eu desde a faculdade sempre fui um combatente da esquerda. Em minha vida acadêmica, em meus artigos, nunca manifestei qualquer viés socialista. Nunca votei no PT, PC do B ou qualquer outro partido de esquerda. Contudo, por uma opinião divergente, eis que alguém me cunhou de socialista Gramscista, o que para mim foi motivo de riso. Eu nem sequer conheço Gramsci profundamente e talvez quem me taxou também não conheça.

A direita brasileira esta cometendo o mesmo erro da esquerda. Quem não é Bolsonaro é comunista, marxista. Quem não é Bolsonaro é agente da Globo, como se a Globo fosse esquerdista. Quem não é a favor de armar a população, é a favor dos bandidos. Tudo extremamente radical!

Sabe qual é o resultado de tanto radicalismo? Os simpatizantes da candidatura Bolsonaro começam a se afastar e buscar outras opções menos extremadas. Candidatura mais de centro podem surpreender e crescerem vertiginosamente. E a direita, tal qual como foi chamada um dia a esquerda, será considerada burra…

Outra irracionalidade. Satanizar as urnas eletrônicas como se elas fossem culpadas pelo resultado das eleições. Tudo bem, eu também defendo o voto impresso, mas daí a querer de volta o voto manual, é um retrocesso assustador de quem parece não conhecer a historia das eleições no Brasil!

Enfim, vivemos tempos em que precisamos cultivar o equilíbrio e a tolerância, sem abrirmos mãos de princípios morais. Os radicalismos políticos só levam a finais destruidores.

*O autor é pedagogo e pastor da Igreja de Deus Pentecostal do Brasil