“…a crise se instala no momento em que o novo não nasceu e o velho ainda não morreu.”(Gramsci)
Prestes a completar meio século desde a aprovação por Decreto Lei em pleno andamento da ditadura militar, a antes denominada Zona Franca de Manaus – ZFM e o agora Pólo Industrial de Manaus – PIM, carregam um fardo pesado diria até paquidérmico, que se chama SUFRAMA.
De autarquia criada para cuidar dos interesses das indústrias aqui instaladas e de entidade responsável pela administração e aplicação das normas que regem o modelo na Amazônia Ocidental, a SUFRAMA não passa de um balcão de negócios e de um enorme armário depositário de um vasto cabide de empregos a sustentar interesses políticos difusos, confusos e nocivos ao próprio modelo e aos estados e municípios que dela dependem.
Desde Delile Guerra passando por Rui Lins até chegarmos ao governo FHC na malfadada gestão do ex Ministro José Serra que impôs um nome paulista para comandar a autarquia e quase a aniquilou cuidando mais dos interesses da indústria instalada em SP, o que se assiste há mais de 20 anos é a mais completa tradução do descaso da união federal para com o nosso modelo industrial, a falta de compromisso dos ocupantes do Ministério da Indústria e Comércio os quais sequer aqui aportam para as reuniões do seu Conselho de Administração, passando pela designação de superintendentes impostos em arranjos políticos muitos dos quais estranhos à entidade e sem o menor traquejo para gerenciá-la, servidores viciados, desmotivados e desvalorizados, a constante atuação maléfica de parlamentares estados contrários ao modelo os quais conspiram para ver o fim do PIM e da própria SUFRAMA, a imposição por parte do Congresso e da União de um calhamaço de normas que desrespeitam a essência do funcionamento e do real objetivo desse modelo de desenvolvimento e da própria autarquia, sem contarmos com a presença de uma bancada de parlamentares federais dos estados beneficiados pelo modelo os quais atuam de modo amorfo e descoordenadamente mirando apenas os seus próprios umbigos. Não esperemos muito também, dos ocupantes do Palácio do Planalto posto que as constantes intervenções e a falta de sensibilidade para com as solicitações dos dirigentes e servidores por melhorias salariais e pelo descontigenciamento orçamentário da instituição, sempre foram solenemente ignorados, submetendo a entidade a um tratamento e a um isolamento comparados aos impostos aos filhos bastardos.
Parece que a ficha ainda não caiu para nossos dignos e atuantes parlamentares de que o modelo envelheceu e não propuseram para ele uma alternativa moderna e imune às intervenções políticas nocivas ao seu aprimoramento, sem o que estarão fadados ao fracasso e a um fim melancólicos, tanto a autarquia quanto o modelo de desenvolvimento pensado e implantado para servir de sustentáculo para uma área geográfica do nosso país que vive isolada e sujeita à cobiça e internacionalização por parte das potências econômicas e geopolíticas, as quais não desviam seus olhares oblíquos pra cima de uma região cujas riquezas encravadas no solo e acima dele, fazem enorme falta para quem já consumiu ou dizimou seus filões de riqueza.
Senhores e senhoras parlamentares abram os olhos, ajam com responsabilidade e deem-se as mãos, pois ainda há tempo de salvar o PIM e a SUFRAMA do naufrágio iminente. Mirem-se em Gramsci.
Té logo!
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