Sobram presidenciáveis, faltam soluções

Há um ano das eleições gerais, não faltam e não faltarão postulantes ao cargo de presidente da República, mas ninguém até o momento indicou soluções para superar as graves crises: econômica, social, institucional, ambiental, educacional e, ainda, a falta de credibilidade internacional que afetam a imagem do Brasil no mundo.
O Brasil, há uma década, não tem crescimento econômico (2011-2020). Nesse período, o país foi governado pela esquerda democrática, com Dilma Rousseff; pelos partidários do centro político, via Michel Temer; e pela direita conservadora, o governo de Jair Bolsonaro.

E o cenário atual do país é desolador: desemprego recorde, a inflação dos últimos doze meses já chegou a 10%, a majoração do preço da carne alcançou 30%, enorme índice de pobreza e de desigualdade, 37 milhões de trabalhadores estão na economia informal, sem falar nos aumentos consecutivos dos combustíveis.

Os poderes da República estão sem confiança popular. O Executivo não tem projeto de desenvolvimento para o país, anda perdido nos discursos ideológicos ultrapassados. O Supremo Tribunal Federal – STF produz mais tensões e conflitos de vaidades do que resguarda o direito a quem merece. O legislativo federal virou um balcão de negócios comandado por políticos tradicionais.

O país não tem uma política de Estado para o presente e o futuro da Amazônia. As queimadas crescem, os povos tradicionais e os indígenas sofrem com ações de atividades econômicas clandestinas, com impactos ambientais e com a ausência do estado nas fronteiras. Os amazônidas não são ouvidos, as riquezas naturais são roubadas e a população continua explorada e empobrecida.

A educação do país não avança. Péssimos indicadores educacionais. Os alunos de baixa renda sofrem as consequências da pandemia, sem internet, sem aulas e sem merenda escolar. Disciplinas de História, Sociologia e Filosofia com cargas horárias bem reduzidas. Universidades distantes das realidades, educação básica e superior não se comunicam. Professores e universidades destratados.

Os investimentos em Ciência e Tecnologia perderam milhões do orçamento federal. Pesquisas paradas, bolsistas sem receber, muitos cientistas deixaram o país. O Brasil é o único que faz parte do grupo do BRICS que ainda não produziu a sua própria vacina contra a Covid-19.

Os juros bancários estão entre os mais altos e os piores do mundo. O endividamento cresceu, o crédito bancário ficou mais caro. Sem confiança e sem credibilidade, o país não atrai investimentos privados. Caiu o consumo, empresas fecharam, falta matéria-prima e os produtos ficaram inflacionados.

Violência existe no mundo real. Milhares de mortos por homicídios, facções criminosas tomam conta das ruas, bairros e de presídios. Jovens, crianças, negros e mulheres são as maiores vítimas da violência social e de Estado.

A participação popular nas decisões de governo quase não existe. A maioria da população vive de costas para as decisões políticas, e a maioria dos governantes administra e legisla para as elites e seu grupo político.

Mas, se perguntarmos aos postulantes do mandato presidencial ou do pré-candidato a reeleição sobre os problemas do Brasil, alguns irão afirmar que é culpa do atual desgoverno de direita; outros, vão citar que é o resultado do golpe contra a Dilma, pelo parlamento direitista e do centro político; e o atual presidente vai responder que é uma herança do esquerdismo passado.

O fato é que todos têm suas razões, mas até agora não existem respostas concretas que apontem a saída do país desses momentos tão negativos. Se o problema é Bolsonaro, então quais as medidas pós Bolsonaro? Chegou a hora de buscar e propor saídas para essas tragédias que assolam o Brasil.

*Sociólogo, Analista Político e Advogado