Foi um Serafim visivelmente constrangido que apareceu na sala de entrevistas de seu partido, o PSB, para anunciar seu apoio ao ex-deputado Marcelo Ramos neste segundo turno da eleição para prefeito de Manaus. O deputado, que pautou toda a sua trajetória na ética, sucumbiu aos apelos do grupo político ao qual pertence agora, recusando-se a assinar a proposta de criação da CPI da Saúde, como até as entidades representativas dos médicos estão sugerindo, e optando pela candidatura de um político que até alguns dias atrás ele tratava como “arrogante e ingrato”.

Marcelo Ramos e Josué Neto deixaram o PSB de Serafim para unirem-se ao grupo do poder. Ambos eram membros da sigla quando Serafim era prefeito e eles vereadores de Manaus, entre os anos de 2005 e 2008. Depois que perdeu a eleição de 2008, quando tentava continuar na prefeitura, o veterano político viu Josué debandar. Eleito deputado estadual com o seu apoio, em 2010, Marcelo continuou.

Em 2014, Serafim, que comanda o PSB com mão de ferro, concordou em ceder a legenda para que Marcelo disputasse o governo estadual e abrisse caminho para ele próprio conquistar o mandato de deputado estadual. Só que, depois da eleição e de um desempenho surpreendente, Ramos não quis mais ser tutelado pela família que comanda o partido e procurou novos ares. Por vias transversas, os dois se aproximaram do grupo comandado pelo governador José Melo e pelo senador Omar Aziz, mas totalmente separados.

Pesaram para a decisão anunciada por Serafim hoje dois fatores: o fato de pertencer à bancada que apoia o governo Melo e, principalmente, a mágoa de seu filho, o vereador Marcelo Serafim, com o prefeito Arthur Neto. Apesar de ter pertencido ao grupo que apoiou a administração deste último desde o início, Marcelo Serafim acha que não foi suficientemente ajudado em sua campanha de reeleição. Desde a semana passada ele esbravejava pelos quatro cantos da Câmara Municipal, jurando vingança.

Hoje Marcelo Serafim se vingou.