Apesar de pertencer à Região Amazônica, área endêmica para a febre amarela, há 10 anos o município de Manaus não registra esta doença, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Os casos suspeitos são monitorados pela Secretaria e informados ao Sistema de Informação e Agravos de Notificação (Sinanet), do Ministério da Saúde (MS).
De acordo com Sinanet, a série histórica da última década mostra o registro de 40 casos suspeitos, a maioria relacionada ao deslocamento de pessoas para área silvestre, sem nenhum caso de transmissão na capital do Estado.
“No momento, o Brasil está atento à febre amarela com o surto de casos suspeitos em Minas Gerais, o que é preocupante. A febre amarela até as primeiras décadas do século XX era um grave problema de saúde pública, afetando as populações urbanas. Depois, a doença foi controlada nas cidades e desde então os riscos se concentram nas áreas urbanas e de floresta”, explica o secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão Neto.
O secretário ressalta que, no Brasil, a febre amarela se classifica em “silvestre” e “urbana” e que a febre amarela silvestre se mantém naturalmente em um ciclo de transmissão que envolve primatas não humanos (hospedeiros animais) e mosquitos silvestres dos gêneros Haemagogus e Sabethes. “O mosquito se contamina ao picar um macaco infectado e, ao picar uma pessoa, transmite o vírus”, explica.
Ainda de acordo com Homero, a febre amarela urbana, que não é registrada no país desde 1942, é causada pelo mesmo vírus e se manifesta da mesma forma, mas o mosquito transmissor é o Aedes aegypti.
Homero alerta para a necessidade de a população se manter imunizada, seguindo as orientações do Programa Nacional de Imunização (PNI). “A vacina é a forma mais eficaz de prevenir a febre amarela e o alerta é válido para todos, especialmente para os que se deslocam para regiões de mata, lembrando que a vacina garante imunidade por 10 anos e não deve ser tomada em intervalos menores que esse período”, ressalta.
Em Manaus, a vacina está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde e só pode ser aplicada a partir dos nove meses de idade. Além do calendário de rotina, que prevê a aplicação de uma nova dose da vacina a cada 10 anos, a imunização também é recomendada para pessoas que irão viajar para outros países, de acordo com as orientações contidas no Regulamento Sanitário Internacional (RSI).
Controle
Em Nota à imprensa, o Ministério da Saúde (MS) informou que mantém o apoio ao estado de Minas Gerais e municípios na investigação realizada por técnicos sobre os casos suspeitos de febre amarela silvestre, definindo medidas de controle em parceria com a Secretaria Estadual (SES/MG), como a recomendação para vacinação da população.
De acordo com o MS, até a última quinta-feira, 12, a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) informava a existência 20 casos prováveis de febre amarela silvestre, com 10 óbitos prováveis. “No total, são 110 casos suspeitos notificados e 30 mortes suspeitas da doença em 21 municípios”, afirma a nota.
Desde 1999, o Ministério usa como um dos mecanismos de monitoramento da doença a vigilância de epizootias (conceito utilizado na saúde pública veterinária para qualificar a ocorrência de um determinado evento em um número de animais ao mesmo tempo e na mesma região, que pode levar ou não a morte).
A estratégia visa a intervenção oportuna para evitar casos humanos, por meio da vacinação das pessoas e também evitar a urbanização da doença por meio do controle de vetores nas cidades. O macaco, principal hospedeiro e vítima da febre amarela, funciona como sentinela, indicando que o vírus está circulando em determinada região.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por arbovírus (vírus transmitido por artrópodes) que tem como principais sintomas febre súbita, calafrios, dor de cabeça e nas costas, dor no corpo, náuseas, vômito e fadiga, podendo ocorrer, nos casos graves, febre alta, icterícia, hemorragia e, eventualmente, insuficiência dos órgãos. Não há tratamento específico, mas os sintomas devem ser tratados precocemente, porque a doença pode levar rapidamente à morte.
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