Seguro doença, Plano de morte (Parte I)

Não sou o primeiro articulista a falar mal dos planos e seguros de saúde tampouco, serei o último mortal a depender de um atendimento hospitalar.

Nosso país sustenta uma massa populacional de mais de 150 milhões de almas que são dependentes do estado como usuários do sistema público de saúde.

E entre os que podem pagar por um plano ou seguro de saúde, há ainda outros 50 milhões de cidadãos no nosso país.

Como ardoroso defensor do SUS, me reservo o direito de tecer muitas e muitas críticas principalmente da forma como o estado gasta erradamente nesse setor e onde a corrupção corrói boa parte dos mais de 230 bilhões do orçamento destinado à saúde anualmente.

Mas não é sobre, nem contra ou a favor do SUS que vou escrever desta vez.

Quero aproveitar este espaço para, com certeza, dar voz aos milhões de brasileiros os quais possuem um plano ou seguro de saúde privado.

Sou um dos poucos privilegiados que podem pagar para ter acesso à saúde privada e dou graças a Deus, e não enxergo nenhuma contradição quando enalteço a forma de acesso ao sistema publico.

Por quase quarenta anos, tenho experimentado em muitas oportunidades e de modo vitorioso, enquanto paciente, o atendimento na rede privada de saúde.

Entretanto, nos últimos anos, esse sistema vem enfrentando uma crescente deterioração no seu modo de acolher, atender, encaminhar, buscar soluções e resolver os problemas de saúde dos usuários.

Ninguém em sã consciência há de negar ou desconhecer, que saúde privada bem administrada é uma máquina de fazer dinheiro.

Não à toa, há uma corrida do grande capital estrangeiro para abocanhar, no Brasil, uma considerável fatia desse mercado bilionário.

E é exatamente quando falo de mercantilismo que mora o perigo porquanto, a saúde é tratada como negócio onde os custos devem ser cada vez menores ante a escalada do lucro das empresas, a começar pelo vertiginoso aumento dos valores das mensalidades a cada ano.

Há uma desproporção gigantesca entre os valores cobrados e a qualidade dos serviços ofertados. E esse fosso aumenta a cada dia.

Quanto mais se elevam as mensalidades, mais os serviços caem de qualidade e mais ainda, os clientes são prejudicados, numa espiral descendente sem precedentes.

E não há plano ou seguro de saúde bom ou mais ou menos. Todos são ruins na essência, porque dependem unicamente de ganhos sem necessariamente reverter isso em melhorias.

E tudo se inicia no começo das coisas desde

que inventaram a forma virtual e fria(aplicativos, meios telefônicos, redes sociais, etc.) para acesso aos serviços ofertados.

Lamentavelmente o usuário sofre até que consiga chegar a alguém de carne e osso para ser atendido, posto que enfrenta um calvário, pena e se estressa, levando a recrudescer sua enfermidade.

A frieza do procedimento virtual fragiliza o usuário tratando-o com crueldade, gerando impotência absoluta para o acesso a uma simples lista de serviços e principalmente ao atendimento.

Esse é apenas o início de um processo torturante ao qual o usuário é obrigatoriamente submetido sujeitando-o a quase implorar por algo que tem direito.

Quando porém se alcança a porta do atendimento dos serviços de saúde ofertados seja nos consultórios, nas clínicas, hospitais e pronto socorros, aí que a tortura atinge o seu nível hard.

No próximo artigo, vou desfiar uma série de desmandos, maus tratos administrativos, luta por direitos e principalmente as mais absurdas inconformidades sanitárias a que eu e muitos usuários do sistema privado de saúde somos submetidos dentro das unidades hospitalares privadas.

E falarei do alto da minha formação acadêmica, da minha experiência como servidor e gestor da saúde e, sobretudo, dos episódios constrangedores aos quais fui submetido recentemente na condição de paciente e de pagador de um plano de saúde (ou será de doença?).

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