Apontado como grande responsável pela queda do major Wilson Marques do comando do policiamento em Iranduba, o radialista J. Ray desabafou ontem nas redes sociais, contando o que pretendeu de fato com a divulgação da fala do oficial. Confira o texto:
“Cerca de três semanas atrás quase “cai o mundo sobre a minha cabeça” quando eu veiculei a nível estadual uma matéria tornando públicas as declarações do ex-comandante da 8ª Companhia Independente de Polícia Militar, situada em Iranduba, major Wilson dos Santos Marques Filho, segundo o qual a corporação estava funcionando no município graças ao esforço e aos recursos financeiros dos próprios policiais, que, de acordo com o oficial, estavam passando fome e pagando para trabalhar, pois, segundo ele, o auxílio-alimentação que os PMs recebem no contracheque é de apenas R$ 140 mensais, o que não lhes garante uma alimentação digna durante os plantões. Major Marques, que foi defenestrado do cargo por ordens superiores no dia seguinte à publicação da reportagem, declarou, entre outras coisas, que gastou R$ 7 mil do próprio bolso para dar o mínimo de estrutura ao seu próprio gabinete na 8ª CIPM, pois quando ele tomou posse, em outubro do ano passado, no local “não tinha nem uma mesa e nem uma cadeira pra sentar”- revelou.
Diante da grande repercussão que teve a matéria no rádio e nas redes sociais, aconteceu de tudo, além da retirada do respeitável e impávido oficial do comando da 8ª CIPM: teve gente que tentou desqualificar a minha reportagem, houve quem tentasse me responsabilizar pela demissão do comandante e até quem tentasse persuadir a prefeita Madalena de Jesus (“Madá”), de quem sou assessor no momento, a achar que os efeitos da notícia teriam “respingado” nela, pelo fato de as declarações do ex-comandante da PM em Iranduba terem se registrado em uma reunião organizada pela Prefeitura, tendo como plateia os mais de 200 permissionários da Feira Municipal João Cândido de Medeiros, e realizada dentro do auditório do próprio Poder Executivo Municipal. Não deu certo o plano dos meus algozes!
Pois bem, a verdade está vindo à tona, respaldando o que disse o major Marques! E, pelo que está sendo revelado, as deficiências não são só na PM de Iranduba; vão muito mais além. Assisti nesta segunda-feira (14) em um dos telejornais da TV Amazonas (emissora da Rede Amazônica de Rádio e Televisão) a uma matéria que fez referência a uma outra reportagem veiculada na semana passada, no mesmo noticioso, dando conta de que os policiais civis do Amazonas estão sem receber o tíquete-alimentação há, se não estou enganado, quatro meses. Eu já tinha lido essa informação em um grupo de Whatsapp formado por colegas radialistas e jornalistas. Se não estou enganado, foi o competente colega repórter policial Nonato Silva, “o filho da Dona Iracema”, quem postou a referida informação. Na mesma reportagem da TV Amazonas foi noticiado que os três helicópteros da Polícia Militar do Amazonas estão sendo retirados do hangar onde ficavam guardados por falta de pagamento do aluguel à empresa dona do espaço. A matéria saiu hoje no Amazonas TV; e, certamente, o vídeo está no G1-Amazonas para quem quiser conferir.
Mas, como eu sou de Iranduba e atenho-me às questões daqui, acho-me no direito de questionar, sugerir e pugnar pela dignidade dos operadores da segurança pública local. Na semana passada, enquanto eu acompanhava a amiga assistente social Ana Paula Tanaka, ex-secretária da SEMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social, em uma reunião com o delegado titular do 31º DIP, Paulo Mavignier, vi chegar de um dos mais conceituados restaurantes aqui da cidade o almoço dos presos de justiça detidos naquela delegacia. Nada contra os encarcerados se alimentarem; é um direito deles! Mas, como diz o velho ditado, “perguntar não ofende”: será que o Estado também paga alimentação para os servidores daquela casa de segurança pública? Nem vou perguntar-lhes e nem quero saber a resposta, para não correr o risco de eu dar publicidade a ela e vir a prejudicar-lhes!
E no caso dos PMs, não seria conveniente, no lugar do tíquete-alimentação em valor insuficiente para que eles tenham uma alimentação adequada, prover-lhes almoço, merenda e jantar durante os seus plantões de 24 horas? Fica a pergunta! E, finalizando, lembrei-me do saudoso colega repórter policial Ed Castro, com quem tive o prazer de trabalhar na extinta Rádio Sucesso AM/610 khz.
Anos antes, quando ele apresentava “Os Patrulheiros da Cidade”, na extinta Rádio Ajuricaba AM/930 khz, hoje “Boas Novas”, repetidamente bradava: “Que país é esse, Bob?!”. E o operador de áudio Hildenêr Bob – não sei por onde ele anda – colocava a vinheta: “Brasil… sil… sil… sil… sil…! Eu pergunto: que país é esse onde quem fala a verdade merece castigo? O comandante Marques falou a verdade e foi destituído do cargo, mas o episódio suscitou outras revelações, as quais provam que tanto eu quanto ele não estávamos mentindo, como houve quem insistisse em afirmar.
J Ray Jornalista”
Agora ouça a reportagem dele e os desdobramentos no Jornal da Manhã, da rádio Difusora:
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