Racismo, Radicalismo, Burrice ou Falso Moralismo

No dia 11 p.p., acordei pela manhã com o barulho do foguetório pipocando em toda cidade. No primeiro momento, atribui aquela festividade a alguma facção criminosa comemorando a morte do chefão de outra organização antagônica, pois esse fato tem se repetido com grande frequência em nossa cidade. Só após alguns momentos reflexivos dei-me conta de que esse dia era consagrado a Corpus Christi e a razão de tantos fogos era para anunciar aos fiéis que as autoridades diocesanas conduziam o Santíssimo Sacramento pelas ruas da cidade levando bençãos aos fieis seguidores do Cristo, pois as reuniões festivas realizadas nas dependências internas dos templos religiosos estão suspensas por motivos óbvios que são amplamente do conhecimento de todos.

Fiquei pensando…Meu Deus, como os tempos mudaram! Inevitável deixar de lembrar que na minha infância e adolescência o foguetório era utilizado na solenidade de hasteamento da bandeira em frente a igreja matriz, para anunciar o início das festividades alusivas à semana que antecedia o dia do santo padroeiro ou para comemorar a entrada de um novo ano. Era preciso que o evento tivesse grande relevância para que fosse comemorado com a soltura de fogos. Como banalizaram até a forma de se comemorar as datas festivas!

Após esse estado de espanto, plenamente justificável em pessoas normais assim como eu, passei a entender mais essa doença psicogênica que tomou de assalto a massa ignara em que se constitui uma expressiva parte do povo brasileiro. Não dá para entender que essa gente possa achar plenamente normal a destruição de estátua, só porque em determinado momento da vida do homenageado ele possa ter sido um escravocrata. Vão rasgar também os livros de história que contam os atos de bravura a favor das causas nobres da pátria quando alguns desses ilustres homenageados deram a própria vida em sua defesa? Não devemos nos esquecer que o sistema político e econômico predominante naquela época tinha suas bases assentadas na escravatura. Não quer dizer com isso que esses ilustres homens homenageados através de estátuas não tenham prestado relevantes serviços a pátria, para que não se façam merecedores dessas honrarias.

Querer julgar com a cabeça do século XXI o que aconteceu no século XVI é “procurar chifre em cabeça de cavalo” ou procurar encontrar um motivo que justifique o extravasamento do seu ódio ao mundo atual em que vivemos. Tudo isso ocorre porque o homem desaprendeu a amar como o Cristo nos ensinou. Sabemos que os negros brasileiros ainda sofrem discriminação racial, fruto de uma cultura secular enraizada nas mentes retrógradas de alguns. No entanto, isso não se muda através da violência destruindo estátuas como muitos assim o querem. Muito há que ainda se fazer para mudar esse quadro que só empana o brilho das nossas tradições pacifistas e conciliadoras. Porém, reconheçamos, muitos direitos já foram concedidos aos nossos irmãos negros. Enumerá-los é tarefa desnecessária. Quanto ao problema racial dos Estados Unidos, é preciso ler a história americana para entender que o mesmo têm suas raízes fincadas na guerra da secessão onde o principal objetivo era o divisionismo territorial motivado por interesses econômicos divergentes existentes entre o sul e o norte e a causa racial em plano secundário. Esse conflito fraticida deixou como legado às gerações posteriores um ódio mortal cujo problema compete somente a eles resolver. Temos problemas de sobra para equacionarmos, não havendo qualquer justificativa lógica para estarmos nos imiscuindo nos problemas dos EUA . Por que não discutimos a corrupção endêmica que assola a nação surrupiando dos cofres públicos os recursos que poderiam amenizar a situação da população mais carente? E a liberação de presos condenados em mais de uma instância que por aí correm soltos com todas as garantias asseguradas pelo complacente poder Judiciário, enquanto o mesmo procura pessoas decentes para colocá-las atrás das grades só porque divergem e criticam suas decisões estapafúrdias e esdruxulas? E o conflito de competência de alguns poderes? Por que não exigimos que o artigo 2° das cláusulas pétreas da nossa Constituição sejam respeitadas?

Como veem, temos problemas muito sérios para resolvermos, não havendo qualquer razoabilidade em estarmos priorizando a discussão dos problemas de terceiros, mesmo porque, a solução dos nossos é uma questão de soberania nacional, liberdade e sobrevivência de nosso povo. Portanto, devemos priorizar a solução dos mesmos. Vivendo nesse mundo atual onde as coisas caminham na contramão de todos os princípios da lógica e da razão, ainda não consegui me acostumar com as pessoas dirigindo carros com a direção localizada à direita, pessoas escrevendo com a mão esquerda e mais um punhado de coisas erradas que não podemos explicitá-las devido a impedimentos legais que proíbem e punem quem ousar discuti-los.

Tudo isso pode ser normal? Pode sim! Mas que foge do nosso padrão de vida convencional e da grande maioria do povo brasileiro, isso é incontestável. Disse certa vez o poeta cearense Paula Ney em um dos seus arroubos românticos e poéticos : ”No mar encapelado da ciência, muitas vezes naufraga a inteligência. Meu Deus! Será que a inteligência sucumbiu ao furor das águas revoltas e a burrice conseguiu sobreviver? Isso seria o mesmo que admitirmos a vitória do MAL sobre o BEM. Não cremos que essa possibilidade exista, pois o simples fato de aceitá-la é o mesmo que negar os poderes absolutos de DEUS. É perder a FÉ!

*O autor é empresário aposentado (daurofbraga@hotmail.com)

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