Professores decidem voltar ao trabalho após mais de 40 dias

Reunidos ontem em assembleia geral no Sindicato dos Urbanitários, os professores filiados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas decidiram encerrar a greve, que já durava mais de 40 dias. Ele aceitaram o acordo celebrado durante a semana, com intermediação da Assembleia Legislativa, que mantém o reajuste de 4,7%, mas concede uma série de benefícios à categoria.

Na próxima segunda-feira, o sindicato encaminha à SEDUC uma proposta de calendário de reposição de aulas. Vinte e seis dias letivos precisam ser repostos. As aulas serão retomadas na próxima segunda-feira, dia 27 de maio.

“O responsável por prolongar e fortalecer a nossa luta foi o próprio governador”, afirmou a presidente do SINTEAM, Ana Cristina Rodrigues.

Na última quinta-feira, a Assembleia Legislativa do Estado aprovou por unanimidade o Projeto de Lei (PL) nº 293/2019, que reajusta em 4,73% a remuneração de todos os servidores da educação no Amazonas, retroativo a 1º de março de 2019. Além disso, aprovou a extensão do vale-transporte para servidores de 40h e 60h, aumento no auxílio-localidade de R$ 80 para trabalhadores da sede e R$ 120 para os da zona rural, reajuste no vale alimentação de R$ 450 para todos os servidores da SEDUC, pagamento das progressões horizontais e verticais, desistência, por parte do governo, da ação judicial contra sindicato e trabalhadores e a elaboração de um calendário único para reposição das aulas de duas formas: para as escolas que paralisaram as atividades parcialmente, será necessário cumprir o calendário de reposição junto com as que paralisaram totalmente. O calendário não valerá para as escolas que funcionaram 100%. Os calendários serão analisados e aprovados pelo Conselho Estadual de Educação.

“Tivemos avanços, sim. Não do jeito que queríamos. Vencemos uma batalha. A guerra ainda não. Nada foi fácil. Se não fosse a Assembleia Legislativa nada disso seria possível porque o governo virou as costas para a nossa categoria”, afirmou Ana Cristina.

O SINTEAM afirma que vai permanecer vigilante e fiscalizando cada passo do governo para que outras pautas saiam do papel. Entre elas a formação de uma comissão para estudar a viabilidade legal, financeira e orçamentária da proposta de recomposição das perdas financeiras dos 10,6%, a redução do tempo de concessão das progressões horizontais de 4 para 3 anos e aumento do percentual financeiro de 2% para 5% de cada migração, a automatização das progressões verticais (por titulação) num prazo de até 60 dias a contar da data em que o servidor deu entrada no processo, estender o atendimento e a estrutura médico-hospitalar do plano de saúde HAPVIDA aos aposentados, em que a contrapartida financeira seja dada pela AMAZONPREV, além de cobrar a melhoria no atendimento por parte do plano de saúde no interior.

Conforme o PL aprovado, que foi enviado pelo governador Wilson Lima, na semana passada, haverá reposição salarial de imediato de 3,89% (inflação acumulada dos últimos 12 meses) somado aos 0,81% (perda residual inflacionaria do período 2015 – 2018). Com isso, há a garantia imediata de uma reposição salarial de 4,73%, retroativo a março/2019.

A emenda que trata do auxílio localidade, aprovada na Aleam, viabiliza a proposta que o Governo havia feito de mudar o benefício do tratamento de verba remuneratória para verba indenizatória, tirando-o da despesa com pessoal, o que impactaria na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Com isso, o Estado poderá conceder reajuste no valor do benefício, que há mais de 20 anos permanecia em R$ 30. Agora, o Governo vai aumentar para R$ 80 para servidores da educação das sedes dos municípios do interior e para R$ 120 para servidores que atuam nas zonas rurais dos municípios. O decreto só poderá ser editado quando a Aleam encaminhar a lei aprovada para a sanção do governador.

Progressões – Na outra emenda aprovada no PL do Governo do Amazonas, as progressões verticais passarão a ser concedidas no prazo máximo de 60 dias, diminuindo a espera dos profissionais que passam anos esperando pelo direito garantido no PCCR.

O Decreto n⁰ 40.693, assinado pelo governador Wilson Lima, já garante a concessão imediata de progressões verticais e horizontais. A promoção vertical vai beneficiar 1.732 professores e pedagogos em Manaus e no interior. Para a progressão horizontal, foram considerados aptos 14.946 servidores. A proposta passou pela análise da Comissão de Enquadramento para a Promoção Vertical dos Servidores da Seduc e pela assessoria jurídica da Secretaria.

Outros avanços – O Governo do Amazonas se comprometeu a criar Comissão Especial para avaliar viabilidade legal, financeira e orçamentária da Proposta de recomposição das perdas financeiras e outros assuntos pertinentes apresentados pelo Sinteam e Asprom/Sindical, da mesma forma como houve no período de negociação da data-base.

A Comissão Especial será formada por representantes indicados pelo Sinteam e Asprom/Sindical; por representantes do Governo do Amazonas, via Secretaria de Fazenda, Procuradoria Geral do Estado (PGE), Secretaria Estadual de Educação; Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Amazonas e representantes dos professores da base. Ao final dos trabalhos da Comissão Especial deve ser emitida Nota Técnica conjunta sobre viabilidade legal, financeira e orçamentária da proposta.

De acordo como o Governo do Estado, se houver viabilidade legal, financeira e orçamentária, mediante resultados dos estudos dessa Comissão Especial, o Governo do Amazonas se compromete a incluir o valor desta reposição salarial escalonada como previsão orçamentária para o ano de 2019/2020, desde que o limite de gastos com pessoal esteja abaixo do limite prudencial da LRF, de 46,55%.

Progressões – O Governo do Amazonas, via Secretaria de Educação, também vai aperfeiçoar o sistema de concessão da progressão horizontal aos servidores da educação, reduzindo o tempo de concessão de 4 para 3 anos, e estudar a viabilidade orçamentária de aumentar o percentual financeiro de 2% para 5% de cada migração de referência.

Há ainda o compromisso do Governo do Amazonas, via Secretaria de Educação, de aperfeiçoar o sistema de concessão desta Progressão, avaliando a possibilidade de torná-la automática. Compromisso que deve ser firmado com a retomada da Comissão de Estudo do Plano de Cargos, Carreira e Remunerações da Educação (PCCR), Lei nº. 3.951/2013.

Vale-transporte e alimentação – O Governo do Amazonas também informa que já prepara decreto para concessão imediata do vale-transporte para os servidores da educação, com carga horária de 40 e 60 horas por Cadastro de Pessoa Física (CPF), que exercem suas funções na cidade de Manaus.

Outro decreto que será assinado pelo governador, conforme compromisso assumido é e acrescentar, de imediato, R$30,00 ao valor do auxílio alimentação para todos os servidores da educação, passando de R$420,00 para R$ 450,00 também consta da proposta. Será feito por decreto do governador.

Plano de saúde – O plano de saúde dos servidores também fez parte das discussões, que resultaram no compromisso do Governo, através da Seduc e Sefaz, em conjunto com a Aleam, de debater e avaliar a possibilidade de estender o atendimento e a estrutura médico-hospitalar do plano de saúde Hapvida, atualmente circunscrito a Manaus, a todos os municípios do interior do Amazonas, ou aos municípios polos.

Também estudará estender o atendimento médico-hospitalar do plano de saúde Hapvida aos servidores inativos da educação, em que a contrapartida financeira seja dada pela Amazonprev. E vai avaliar, ainda, o contrato firmado com a Hapvida, visando a melhoria do atendimento dos profissionais do interior. 

PCCR – Em prazo curto de até 60 dias, deverá ser recomposta a Comissão de estudo do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR) da Educação, Lei nº. 3.951/2013, com a garantia de permanência nessa Comissão de representantes do Sinteam, Asprom/Sindical e dos professores da base.

Calendário único – A Seduc deverá encaminhar Calendário Único de reposição das aulas nas escolas que paralisaram total e parcialmente as atividades educacionais. Para as unidades em que os professores não aderiram à greve, o calendário que será encaminhado é o de regime especial. Em ambos os casos, tais calendários serão analisados e aprovados pelo Conselho Estadual de Educação.

Como parte das discussões realizadas entre Governo, por meio da PGE, e Aleam  o Estado se compromete a desistir da ação judicial e o cancelamento dos efeitos das penalidades consequentes aos professores grevistas.

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