Por Ronaldo Derzy Amazonas*
Seria desnecessária e evitável a polêmica que a imprensa nacional criou, amplificou e sustentou em torno da guerra verbal e midiática travada entre o Presidente Bolsonaro e o Diretor do INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, se houvesse a mínima compreensão de que os ocupantes de funções de confiança de naturezas administrativa, política e até técnica são nomeados pro tempore (temporariamente) e demitidos ad nutum (ao arbítrio), conquanto, quaisquer ocupantes dessas funções quando convidados, designados e nomeados já sabem de antemão que desempenharão tarefas, missões e encargos no bojo e sob os auspícios de um plano de gestão desenhado a partir da visão política e ideológica de um governante ou grupo político. Foi assim e haverá de ser sempre assim salvo exceções, como por exemplo, para os mandatos ocupados pelos diretores das agências reguladoras os quais podem ser exonerados sob determinadas condições que a legislação ampara.
Por isso, como servidor público que sou, e tendo ocupado por inúmeras vezes funções políticas as quais, embora de natureza técnica, resguardavam ligações com os interesses do grupo dominante, logo incorporei, que se discordasse desse pensamento, seria melhor não assumir funções como o fiz em algumas ocasiões a ter que me insurgir contra esse ou aquele posicionamento do governo.
Bem melhor seria, tanto para o governante quanto para o ocupante ou candidato a uma função de confiança, que estes últimos fossem exonerados logo no início da nova gestão ou colocassem seus cargos à disposição porque aí dar-se-ia total liberdade ao governo no início do mandato, de indicar quem lhe aprouvesse evitando-se os desgastes pessoais e políticos de parte a parte.
Sinceramente que assistí a essa lamentável polêmica entre o Presidente da República e o Diretor do INPE com um misto de tristeza e espanto, porquanto, ambos poderiam ter poupado a nação desse vexame patético caso o primeiro soubesse melhor dispor das prerrogativas inerentes ao cargo e, o segundo, compreendesse a dinâmica política que circunscreve o rito das nomeações/exonerações por parte de um governo.
Esticou-se a corda desnecessariamente expondo especialmente de maneira cruel um cientista/servidor já idoso e com anos de experiência no INPE.
Como diz o ditado: manda quem pode obedece quem tem juízo!
E, se algum dos meus fiéis leitores, me questionar sobre a gênese de tal polêmica que são os dados do desmatamento na Amazônia, responderei que aí são outros quinhentos cujas respostas caberão em um outro artigo.
Té logo!
ET. Se uma coisa tenho convicção em constatar e onde sei que Bolsonaro erra feio é na exumação dos cadáveres da revolução e aí, aproveito a oportunidade, para resgatar uma frase muito oportuna da deputada Estadual Janaína Pascoal: “Bolsonaro deve deixar 1964 em 1964”.
Té logo!
*O autor é farmacêutico bioquímico e diretor-presidente da Fundação Hospital Alfredo da Matta
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