Prisão de Murad Aziz praticamente encerra o ciclo político da família que comandou o Estado

A prisão, ontem, do empresário Murad Aziz, acusado de fazer parte do grupo criminoso que desviou milhões de reais da Saúde do Estado, praticamente coloca um fim nas pretensões políticas da família dele, que chegou a comandar o Estado por quase cinco anos, sob a batuta do atual senador Omar Aziz (PSD), irmão do acusado. 

Na eleição do último domingo, já se pressentia a derrocada política da família. Omar amargou o quarto lugar na eleição para o Governo do Estado, com pouco mais de 8% dos votos totais, mesmo reunindo em torno de si um grande grupo político, que lhe garantiu o maior tempo de TV e muita capilaridade. Sua esposa, Nejmi Aziz (PSD), que sempre se colocou como possível deputada estadual mais votada, amargou a derrota e ficou apenas como primeira suplente de sua coligação, com pouco mais de 19 mil votos.

A influência de Murad e da família no Governo Omar sempre foi muito comentada, especialmente depois que ele construiu uma mansão cinematográfica no Parque das Laranjeiras e logo em seguida uma academia de luxo, uma das maiores de Manaus.

HISTÓRIA

Omar Aziz surgiu para a política como militantes do Partido Comunista do Brasil, na década de 80. Em 1985, aproximou-se do então prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, na época do PMDB. Disputou, sem sucesso, as eleições para a Câmara Municipal de Manaus, em 1988, e para a Assembleia Legislativa, em 1990. A fidelidade ao líder, entretanto, foi recompensada em 1992, quando foi eleito o vereador mais votado.

Em 1994, depois de ser presidente da Câmara Municipal de Manaus, Omar elegeu-se deputado estadual. Dois anos mais tarde, foi escolhido para compor chapa com Alfredo Nascimento, como vice-prefeito. Vitorioso, foi reeleito para a mesma função quatro anos depois. Foi nesta época que a influência dos irmãos começou a ser comentada.

Em 2002, Omar foi escolhido em cima da hora para compor a chapa vitoriosa para o Governo do Estado, ao lado de Eduardo Braga, então no PPS. Quatro anos depois, rompeu com o “guru” Amazonino e reelegeu-se vice-governador.

Em 2010, Omar finalmente chegou ao topo. Depois de assumir o Governo em abril daquele ano, com a renúncia de Eduardo, que saiu para concorrer ao Senado, foi reeleito governador em outubro e governou por quatro anos, até 2014, quando rompeu com o ex-aliado e lançou José Melo, seu vice-governador, ao Governo, lançando-se candidato ao Senado. Os dois venceram, mas a eleição foi muito contestada por causa de uma série de indícios de compra de votos, que mais tarde se mostraram reais.

Melo acabou cassado e preso em 2017. Encerrou sua carreira política e arrastou Omar junto com ele, como ficou provado na eleição deste ano. Ainda assim, o senador deu seu último suspiro como grande liderança política do Estado, ao lançar a candidatura vitoriosa do governador Amazonino Mendes (PDT), na eleição suplementar do ano passado. Mas não passou nem quatro meses junto do aliado. Rompeu em janeiro, depois de ter alguns interesses contrariados, inclusive dos irmãos.

Omar Aziz ainda tem quatro anos de mandato como senador, mas dificilmente conseguirá se reerguer e disputar novamente um cargo majoritário.

Neste momento, voltou a fazer o que sempre fez: mergulhar no bastidor e tentar ajudar algum candidato. Com a imagem totalmente desgastada, não declarou, nem vai declarar apoio oficialmente a nenhum dos dois postulantes no segundo turno, mas há quem garanta que já articula em favor de Wilson Lima (PSC).

O senador, ressalte-se, sempre foi muito próximo da família Calderaro, patrona da candidatura de Lima.

 

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